À saída do duche e com o devido cuidado aparei a meia dúzia de "irrequietos" que insistiam em retirar algum brio à barba farta que me brota do queixo e abandonando o look desmazelado a que me começava a apegar decidi pela primeira vez encafuar o velho esqueleto numa fatiota (com camisa e tudo) e usar um chapéu de aba bem ao estilo dos anos 60. Verdade, diga-se, é que nem desgostei de todo.
Precavido e nunca desleixando a sabedoria quase exprimental, troquei o autocarro - que àquela hora aparentava um misto de lata de sardinhas com compartimento selado e de dificil circulação de ar - pela aparência bem mais airosa (e certamente mais confortável!) de um desses comboios urbanos, quase mundanos tal é a variedade de nacionalidades neles presentes por vezes. Digamos que não me arrependi. Em parte.
"Quando a esmola é grande, o pobre desconfia", não é o que dizem? Pois, e têm razão! Logo de seguida senta-se um desses ganapos de tenra idade que têm por hábito guinchos estridentes e um disparo de palavras a tal velocidade que já não são para a minha cabeça. E ele pulava no assento, bocejava quase hiperbolicamente até se lhe antever o cardia estomacal, empinava rabo e pernas em danças demoníacas, sempre vigiado pela mãe impávida e serena sentada na cadeira ao lado a conferir a simplicidade... de um talão de compras e dos descontos que poderia ter na próxima cruzada ao mundo dos supermercados, claro está!
Fulminei com olhar esse macaco irritante que havia de me sujar o fato novo enquanto cerrava dentes e mente ao impulso que me impelia a atear fogo aos talões e ao próprio supermercado.
Agora que penso, estou parecido aos velhos que em jovem criticava: Intolerante e irritadiço, mas ainda não gágá. Bem, mas o fato era novo.
Com toda a estima,
Bachiatari Sensei