segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Gira-discos #5

The Killers - Read My Mind (live)

Por muito que sejamos poliglotas, a linguagem do raciocínio é só uma: a associação lógica ou ilógica de pensamentos. "Quando pensas, fá-lo em que língua?" é, portanto, uma interrogação inútil, sem cabimento. Antes deveríamos perguntar:
- Em que língua extravasas os teus raciocínios ou como vocalizas a associação dos pensamentos que te assolam?
Porque o que fazemos ao pensar é convocar as imagens, os sons, os cheiros, as memórias, o abstracto e a metafísica, qualquer coisa que não o vácuo. Não falamos para os nossos próprios pensamentos, não pensamos que estamos a pensar, somos o pensamento e ele somos nós. Tudo é passível de ser associado (i)logicamente. Daí a nossa cumplicidade enquanto seres. Temos a habilidade, se assim o quisermos, de deduzir os pensamentos dos outros, de nos tornarmos, por associação, uno. As pessoas que nos são chegadas incorporam, no seu essencial, aqueles que tocam o âmago da nossa realidade. Não há cumplicidade mais extrema (amor, leia-se) do que esta: sentir que nos lêem, de acordo com a nossa vontade, os pensamentos.



I don't mind, if you don't mind
'Cause I don't shine, if you don't shine

The stars are blazing like rebel diamonds cut out of the sun.
Can you read my mind?



Hermenegildo Espinoza

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