terça-feira, 30 de junho de 2009

Gira-discos #4

Coldplay - Fix You


Fix you,

Caminharás na lentidão dos costumes até te diluíres no meio da multidão, dizia-me muitas vezes o meu avô paterno, sábio profícuo não das mesas das escolas ou de faculdades como fábricas em série, mas da sapiência da vida, das mãos enrugadas e da responsabilidade de gerir o dinheiro como pão na boca que cabia, frequentemente, nos pequenos bolsos das calças marcadas pelo suor do tempo. De facto, o meu avô possuía todo o conhecimento que agora julgo ser necessário e suficiente para sobreviver às conjuras do tempo vivido em sociedade. Nunca a faculdade me fez sentir isso: diria que a vida académica foi apenas um atestado profissional que me permitiu inserir, sem grande alarido, nas teias e teias de um complexo enervado por uns indivíduos que não conhecemos e que nem eles mesmos têm vontade em nos conhecer. Combalido confesso aos meus poucos amigos, suficientes e bons, que oscilamos numa anarquia organizada, por mais ridícula que pareça esta contradição, mas, sub-repticiamente, convivemos numa sociedade que, ainda que aparentemente organizada, vive desamparada sob o peso dos seus próprios alicerces e em que o controlo é tão frágil e subtil que qualquer oscilação é apanágio para o caos, ordem que está por decifrar.
Dizia eu que o meu avô encarnava o sujeito mais consciente que conheci, um pleno catedrático das jogadas do dia-a-dia. Quando concluí o curso, em vez das felicitações do resto da família, profetizou:
- Hermenegildo, a partir deste momento serás sempre um homem conturbado, carregarás o peso de tentares curar as doenças dos outros e esquecerás, como bem te conheço, a mágoa que carregas. Espero que, ainda assim, quando estiveres no leito da tua morte, recordes alguma felicidade.
Espantou-me tal afirmação, pois, ao invés do neto, sempre se mostrou confortavelmente optimista. Confessou-me mais tarde que sempre me julgou e imaginou daquela casta de médicos que carrega, quase ininterruptamente, uma mágoa, uma mágoa das pedras, brincava ele. Por mais tempo e pacientes que conseguisse tratar, levaria uma vida a tratar-me, se é que algum dia o conseguisse, aquela dor de sermos nós e de resistirmos à erosão dos ventos vindouros.
Não se enganou o meu avô, aliás, pensando nele, creio que nunca o vi errar na vida.


Fix me,


Hermenegildo Espinoza

domingo, 28 de junho de 2009

Realidade percebida #1

Custa a começar, é o que dizem. Custa a educar o inconsciente - ex-subconsciente-, custa a subordinar a sua autoridade à necessidade de trabalho cada vez mais proeminente à medida que os passos encurtam a distância que nos separa de obrigações inadiáveis. Assim, nesta ânsia diária que as últimas semanas realçam, tem-se batalhado constantemente a irreverente vontade de perscutar o som das respostas mudas que bocas dissecadas e fetos sem vida deviam dar. Os sentidos falham na fiabilidade de obter o que se procura, senão vejamos: A visão transmite uma massa confusa, os ouvidos desconcentram a mente com o murmúrio desesperado de outros, o tacto de nada serve, senão para levantar tecido dissecado e esticar tendões, superficiais ou profundos, e o paladar e o cheiro desejam-se suprimidos, invadidos pelo formol que se evapora.
O sentido de manada, de camaradagem é, no entanto, aquele que por demais é evidente - se um panica, todos panicam; se um responde, todos querem ouvir, nem que pelo sentido crítico de demonstrarem a sua sapiência adquirida e recalcada por entre Netter's e Gray's cujas páginas amassadas denunciam este inferno constrictor que aperta os corações ao som do tic-tac do relógio, segundo a segundo.
A vida diária altera-se e de repente pequenos demónios de saídas nocturnas, tornam-se angelicais cordeiros que pastam por entre mesas de estudo, por entre museus, por entre cafés, por entre transportes públicos. Aquilo que a cidade veste de preto em meses anteriores, pinta agora de livros em mochilas e braços de estudantes, dezenas, centenas, milhares deles.
Enchem-se de lamentos os vãos de escada, com a injustiça anarquista de que sofrem aqueles que auferem de menos tempo lúdico, contrastando com a realidade percebida de outros que parecem "digerir" a situação em detrimento do futuro próspero que vão pintando.

Mas o que custa é começar e é assim todos os anos.

Bachiatari Sensei

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Imagiologia (quase) médica #3



Dois pontos num plano horizontal. Adicione-se uma linha curva côncava a esses dois pontos. Temos o sorriso.

Utilizar os músculos da expressão labial conjuntamente com o orbicular das pálpebras. Necessitamos de sorrisos francos.
Tanto.
Existem mágoas das pedras a abater.


Hermenegildo Espinoza

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quero morrer um dia com os olhos postos no rio da minha cidade







Imagens de arquivo do São João aqui no Porto. Retiradas do excelentíssimo Cidade Supreendente e da autoria de Carlos Romão.




Hermenegildo Espinoza

112 protões - parte 2

Não me esqueço, meus caros, daqueles que partilham um espírito maldito e que o apregoam pelos cantos do mundo. Pois bem, tendo em conta o que deixei para trás e às carinhosas respostas e sugestões (à dúvida do Pitt já respondi em privado, se ela persistir para mais alguém, não hesitem em contactar, ou se não, procurem por vocês que não é por isso que virá mal ao mundo) era imperativo não obliterá-las.

Decidimos, portanto, proceder a uma sondagem para descortinar qual o possível nome que agrada mais aos nossos companheiros, estimados leitores e outros que venham parar ao clube enquanto procuram pela internet algo que em nada se assemelha ao que aqui tratamos:

Sugestões:
- Pelo Tiago: Inémio (que fará todo o sentido para o comum luso, se bem que para alguém que esteja familiarizado com o 911, e que passeie por estas bandas, nem tanto);
- Pelo Galli Pitt: Germénio (o que só denota um estimado respeito deste maldito pela nacionalidade aqueles que se esforçam a descobrir as coisas);
- Pelo caro Bachiatari Sensei: Maldémio (talvez porque um elemento tão imponente só poderá ter nome maldito).

Votem meus caros, votem que faz bem à saúde e não causa pirose a ninguém, disso nos certificámos.



Hermenegildo Espinoza

terça-feira, 23 de junho de 2009

#1 Pitt's Anatomy

... a fase de estudo é coberta pela sombra da revolta e pelas pegadas do desespero.

Primeiro... revolta, pois tenho consciência de que sou um dos poucos tristes que, nesta altura do campeonato, ainda marra e marra (e o seu cérebro nada agarra!), quando bem podia estar na praia estorricando ao sol, como Galli no espeto.

Por conseguinte, o desespero advém da impotência de fazer frente a essa ingrata revolta, que ao pouco e pouco, se apodera de mim e me questiona.

Nestes impasses, antes ser advogado do diabo.

in Manifesto do Pitt's Anatomy

PITT

A Arte e os Santos Populares

Esteve-me a contar o Rui, meu colega residente, que há no Porto uma festa acima de todas as outras, algo de singular que veste a cidade com as cores da festa e apitos de martelos e presenteia o ar com o cheiro de sardinhas douradas e pimentos acabados de assar, acompanhados de um pão altamente firbroso que por dentro de uma crosta crocante e escura, esconde um miolo que se dissolve lentamente no azeite; uma tal de broa. Uma gigantesca mobilização que, qual exército da diversão munido de alho porro, martelos e toda a genica, avança pela zona ribeirinha da cidade, cujo centro de actividade fervilha nas históricas Fontainhas, avançando entre marteladas, por debaixo de um fogo de cores que cobre os céus noite adentro, iluminando o trajecto que vai da zona histórica tripeira até à Foz, tomando as suas praias de assalto. Bem, e quem diz Porto, até diz Gaia.
A cidade de tradição veste-se a rigor, recebendo os turistas, o povo em geral, e quem quer que nesta cidade ponha os pés nessa noite, com todo o seu esplendor e a iluminação tradicional das candeias de papel e das fitas coloridas que deslizam dos tectos. Dos céus, ergue-se a frota de balões provenientes de toda o centro, periferia citadina e arredores inseridos neste espírito de festividade ilusão dos tempos contemporâneos.
Planeei deslocar-me até à Ribeira, por lá jantarei e apreciarei o ambiente. Julgo que sempre vou comprar um martelo àquelas que na rua desde ontem apregoam a sua venda a 3 euros. Raios me partam se não é hoje que provo essa delicía gastronómica.

Antes que me esqueça, aquilo que uma pequena pesquisa me trouxe:




Bachiatari Sensei

domingo, 21 de junho de 2009

Bachiatari Sensei #6

Voltei.
Sinto o espirito mais leve e uma nova chama acesa no horizonte. Quero com isto dizer que a erradicação desse Alter Ego teve consequências profundas e a primeira, anuncio já: Renunciei aos princípios que achava que tornavam um mortal diferente - toda uma doutrina secular de espiríto e corpo. Já não ouço o vento, nem me preocupo com palpitações de karma. Sou, digamos, mais um.
Segunda nota na ordem no do dia : definitivamente abandono o meu convento nepalês, e instalo-me num pequeno apartamento, T1, partilhado por um jovem que procurava dividir a despesa de aluguer, pequeno, mas cómodo, instalado no coração invícto desta cidade nunca conquistada pelas tropas francesas napoleónicas. Marquês, Faria Guimarães, por lá ficará. Como velho que sou, mas monge que deixei de ser, passo do hábito ao fato, pelo que a seu tempo actualizarei devidamente este meu retrato.
Palavras movidas por uma doutrina que deixei de ter deixarão de existir, dando lugar a uma cantoria de "pobre ceifeiro", já dizia o poeta. O lugar budista será preenchido pela epopeia camoniana e os sabres afiados pelo frio laminar de bisturis.
"- Porquê tanta mudança, Bachiatari?" - perguntarão alguns de vós. E eu vos digo que para erradicar um maldito espiríto e conservar um espiríto maldito são precisas mudanças, é preciso o enterro de velhos ideias e o corte de laços com velhas batalhas.
Convosco aprendi Malditos, de cada um de vós tirarei um pedaço com que reconstruirei o meu espiríto - do perscutador do vento Ubirajara, tirarei a calma e a comunhão com os outros, do eloquente Pataca tirarei as palavras sábias e trabalhadas, desse Pitt italiano a organização e a atenção ao que me rodeia, de ti, Espinoza, a modéstia e a espontaneidade vividas e do Cluni a sempre presença e versatilidade de personagem.
Mais que nunca, por esta casa que me acolhe tenho empenho. Sujarei as mãos se necessário com o cimento que erguerá os constantes pisos deste arranha-céus.
Porque a minha identidade tem que ser mantida em segredo me despeço. Dormir no lugar comum do apartamento parece que tira a privacidade às pessoas. Melhores dias virão. Vou ver um filme.

Bachiatari Sensei*

*Conservo o Mestre em meu nome como a presença irónica daquele que, ao fim de contas, é o eterno discípulo do destino invasivo e intemporal.

do espinoza #5

Ou do horizonte castanho


Muitos aninhos passados dentro da bolha de protecção da família e um certo desprezo pelas multidões tornaram-me num inapto social, o senhor Darwin há bastante tempo o vaticinou: a selecção natural vai cedo ou tarde pontapear-me borda fora, não vejo que fêmea se arriscará a prolongar o fundo genético deste macho portuense por muito mais tempo (parece isto um dos cativantes e bem elaborados classificados de terceira categoria do 24horas). De qualquer maneira, sempre tive uma posição pessimista na vida, para quem ainda não notou, se bem que gosto de me classificar, citando um autor português ali para os lados de Lanzarote (que até é nome de gato maldito), como um optimista bem informado. Pois bem, isto tudo para dizer o quê? Nos últimos tempos, familiares e amigos martelam-me nos tímpanos “ epá Espinoza, tens de erguer mais a cabeça” ou “ tens de arrebitar” ou ainda “ ó Espinoza, valha-me deus, tens de olhar mais para o horizonte!”.
Pois bem, aqui o Espinoza fartou-se de tanto conselho e decidiu arriscar. Dez e meia da manhã, saio de casa, paro, encho o peito de ar, faço um trejeito com os lábios tentando horrivelmente dar uma expressão sensual, expansiva, alongo os ombros que nem um fanfarrão e parto à conquista, cabeça erguida olhando para o horizonte. Menos de dois passos depois um som indicativo de pisadela de substância castanha aderente conhecida mais informalmente por merda.
Decididamente, prefiro ser um pessimista.




Hermenegildo Espinoza

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Devaneios Meditacionais #6

Gashi miuchi,



O poder da estética funcional, chamo-lhe!

A conhecida toxina botulínica - Botox - que corrige rugas de expressão ou causa a lesão irreversível dos músculos corrugador do supracílio e prócero (tudo depende do ponto de vista, como que citando a mente relativista ocidental do apelidado de genialmente louco Albert Einstein) tem também aplicações clinícas aparentemente supreendentes.

Com um toque de episódio biblíco - Jesus e Lázaro - e uma série de infiltrações de toxina botulinicaca, Russel McPhee, paralisado há cerca de duas décadas já consegue andar.



Uma visão geral desta aplicação pode ser vista aqui.



Prometedor? Melhor esperar para ver.



Sonkei ken Ichibun



Bachiatari Sensei

terça-feira, 16 de junho de 2009

Achados e revelações

Invejo-vos a inocência, comuns dos mortais. A despreocupação com que vivem o vosso dia-a-dia, na desnecessidade de viverem com essa dor de pensar celebrizada outrora, mas em que já ninguém acredita. Pois eu vos digo: Existe; Não para todos, não para muitos mas pelo menos para mim, existe. Não é tão literária, não é tão cognitiva, como a perfeição Pessoana descreve, como o poeta a profetiza. Surge-me num contexto diferente, surge-me em vivências diferentes, logo, e certamente não caindo na falácia de um raciocínio indutivo mas na veracidade de um empirismo comprovado, incide de maneira diferente, metamorfizada e saída desse seu primeiro casulo porque é conhecida. Chamo-lhe dor de pensar e chego a crer que possa não ser íntegro. Esclareço-vos, portanto – é todo um confronto intrapessoal que avassala a parte metafísica do que sou, que abana alicerces de honra e respeito, que se solta e corre ao lado dos antílopes transformando-se subitamente no predador que os devora de seguida. É tudo isso, mas é também algo de que não me declaro inocente. Há quem lhe chame, e ela própria o faz, de Alter Ego.

Sinto-me no dever do esclarecimento perante vós e é com a humildade das minhas vestes e barbas brancas pingadas pelas pingas do suor do pudor e da vergonha que vos confesso a sua - no fundo minha – história: No decorrer da génese de grandes guerreiros na Academia Shashi-Bakau, há cerca de 3 séculos atrás, os Grandes Anciãos e Mestres marciais encarregues da formação das novas camadas de futuros Mestres ensinavam a estes últimos a Técnica da Separação: consistia num dos mais importantes ritos de formação – a separação dos dois grandes pólos que o indivíduo tem no seu interior: o bem e o mal. Além de dotar os jovens mestres do quase total controlo da mente, era como que a medida de segurança que permitia aos seus tutores garantir que estes estavam no caminho certo, a lutar pelos objectivos certos. Encurtando o texto, digamos que a minha técnica não foi de execução perfeita, ficando um espaço oculto na minha mente ao qual não consigo aceder, uma personalidade alternativa com capacidade de auto-controlo, um outro eu.

Ao longo dos anos, e à medida que domino novos ensinamentos, reúno armas novas para a abater este inimigo, para arrancar do corpo o tormento do parasitismo imprevisto e espontâneo desta alma imaterial que teima em aparecer, sedenta da sua hora de tomada de posse. Já é assim há anos, custando-me desde amizades e momentos de solidão, batalhas perdidas e lares dizimados, ao sossego e paz da brisa que toca ao de leve as folhas castanhas do Outono.

Estou velho e cansado, miuchi, cada vez mais fustigado por esta avassaladora casualidade de encontros, alvo de uma personalidade negra fortalecida ao longo de séculos que avançou sem rédea de espada afiada em punho, retalhando e dissecando aquilo que a parte pura se encarregava de construir. Agora, com o terreno conquistado e fortaleza erigida, decide atacar, no apogeu de um exército de sombras cujo destino são aqueles que me rodeiam e em última instância, eu. Afasto-me, por isso, de vós Malditos e despeço-me dos restantes, não ciente se alguma vez regressarei do confronto em terreno desconhecido que está prestes a acontecer. Que permaneça a pluripotência dos ensinamentos que vos deixei a todos, aquando da sobriedade da minha alma.
Entrego-me à guerra com os olhos atentos à penumbra e a um inimigo de difícil rasto. O último espirro de sangue não será o meu. Faço-vos uma vigília antes de partir, caros Malditos, curvo-me na vénia do perdão pela nuvem de discórdia e o clima de desconfiança que indirectamente hei semeado entre vós – há no entanto uma lição a tirar daqui.

Derramo o sangue sobre esta epígrafe como prova de autenticação e de sanção.
Sonkei ken Ichibun,

Bachiatari Sensei

domingo, 14 de junho de 2009

uma questão de sinapses


Meus amigos, ontem estava num daqueles dias monótonos, que certamente tem por todos como vítimas (até os padres na sua árdua e mecânica tarefa de dizer a missa), colado frente à TV e disfrutanto do banal zapping. Não seria um dia nada extraordinário, se não me tivesse deparado com um documentário que me motivou a fomentar um dos 7 pecados capitais: a INVEJA. Raios me partam, mas com este documentário o padre dizia a missa e até tocava o sino se fosse preciso. Indo mais longe, até contava a piada da diferença entre cair do 1º e do 20º andar de um prédio... Leia-se: "Caros ouvintes, a diferença está no timing do grito. Enquanto que o nosso irmão que cai do 1º andar só grita depois da pancada (pumm. Ai!), aquele que se encontrava no 20º depois da queda não grita mais (Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Pum) .




...fez a sua primeira cirurgia aos 7 anos de idade.

...promete encontrar a cura para a sida e para o cancro (medicamento administrado via oral, que corrige os genes danificados).

...ambiciona ser o mais novo Nobel da Medicina de toda a história da humanidade.

(...não fosse Blimunda roubar-me as 2000 vontades, vontade não me faltaria de trazer esse jovem à razão: "pretendo encontrar a cura para a dor e para todas as doenças".)


Situação caricata: no que respeito ao seu conhecimento teórico o seu Q.I. encontra-se acima da média para as crinças da sua idade. Já na destreza pratica, o panorama inverte-se. (é mesmo isso, abaixo da média!)


Admirado pela capacidade de apreender com facilidade muita informação, desprezado pela sua arrogância, idolatrado pela sua criatividade e imaginação, protegido do veu da ignorância que o cobre...


...só dois cenários são possíveis na sua vida:


Ou "pum. Ai!!", ou "Aiiiiiiiiii! Pum".


De qualquer das maneiras, cair é um acontecimento certo.


Pitt






sábado, 13 de junho de 2009

112 protões

Não, meus amigos, não venho aqui discutir ou de qualquer outro modo cogitar, se me é permitido o termo, a módica quantia de 94 milhões de euros que o Real Madrid vai gastar para ter o Cristiano Ronaldo, a sua mãe Dolores e as mais de 1.125.364 possíveis namoradas que lhe apontam, na capital espanhola. O que me traz aqui é uma questão assaz essencial, de elevado mérito, uma notícia que rema contra o marasmo instituído por esse mundo fora. Ao que parece, uma equipa de cientistas alemães conseguiu fabricar um novo elemento, o 112º, que irá constar na tabela periódica. Sim, podem gritar de alegria, rejubilar entusiasticamente por tamanha façanha, mandar aldeídos e cetonas para o ar.
O problema cinge-se, neste momento, em encontrar um nome para esse super-pesado que vai entrar na tabela periódica cada vez com mais inquilinos. A IUPAC deu seis meses à equipa para baptizar o dito cujo, que, acrescente-se como curiosidade, possui 112 protões no seu núcleo e é, aproximadamente, 277 vezes mais pesado que o hidrogénio. Quase poética, esta descrição.
Aceitam-se sugestões, na caixa de comentários, para nomear o novo elemento.


Se me permitem, vou agora cortar as unhas ao meu gato Saramago. Viu o Berlusconi na televisão e anda muito agressivo, com as garras de fora a estragar-me o sofá. Ainda há pouco me vi obrigado a colocar Betadine pelo braço. Por sorte não me rasgou o bíceps braquial todo.



Hermenegildo Espinoza

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Gira-discos #3




The National - Fake Empire*



Apontamentos para um manifesto maldito:

No fim da corda do nosso tempo está um império pronto a ser erguido. Nunca percas a loucura de tentar erguê-lo. O mundo é feito de abduções e aduções, de flexões e extensões, de rotações por vezes tão ténues que acabas julgando que tudo é um pulso estático. Não te iludas. Desenha no teu corpo uma semi-recta que comece no meio do esterno e que se prolongue pela tua cabeça. Cada vez que fizeres o mundo avançar e pular com as acções nada apáticas de um espírito maldito, traça um segmento de recta perpendicular a essa semi-recta. Com sorte, no fim da tua vida, quando estiveres a medir o número de traços horizontais, estes tenham uma altura muito maior que a tua. E aí dirás: "sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura".
Até lá não te entedies na tua própria penumbra. Não deixes a memória de um acto inibir-te a criação de outro. Treina as tuas potencialidades no intuito de te tornares mais um dos muitos catalisadores desta (quase) esfera habitada. Ignora o altifalante da banalidade apregoada em vãos de escada sem eco e jamais esqueças aqueles que contigo caminham, nessa simbiose de vontades.
Confesso-te já que muito dos impérios se revelarão falsos, mas, convenhamos, de tanto se querer mudá-los, muitos acabarão por se tornar verdadeiros. Neste lugar de impérios à espera de ser erguidos.



Hermenegildo Espinoza


*vídeo não oficial

terça-feira, 9 de junho de 2009

Devaneios Meditacionais #5

Gashi miuchi,

Trago-vos aquilo a que chamam de rapidinha, segundo ouço falar e que pode ter diversificados significados ao que consta.

Acompanhei do meu sofá, com a devida caneca de chá na mão, os resultados eleitorais desta vossa "contribuição europeia de carne para canhão", assim lhe chamemos. Não percebo dessas políticas de papel a que todos vocês (e eu por aqui estar) estão subordinados, pelo que não farei o papel de um comentador politíco de maneira alguma; porém, acho de bom tom informar e porventura esclarecer aqueles que como eu não entenderam o porquê de um partido que ficou em quarto lugar, ainda por cima ultrapassado por um partido com uma doutrina menos histórica, festejar efusiasticamente como se não houvesse amanhã -falo de um partido auto-intitulado CDU.
Por outras palavras, a mui guerrilheira cabeça de lista, madame Ilda Figueiredo, explica:




Ora cá está! "Mesmo perdida a guerra, o guerreiro só se retira se já não tiver onde espetar a espada"

Sonkei ken Ichibun,

Bachiatari Sensei

sublinho a não intenção de disputa politica com este post. Real e virtualmente as minhas ideias não se prenderão à de nenhum desses partidos.

Resultados Votação

Ditará o quadro de votações a identidade deste Alter Ego? Terá sido o sombrero tirado para expor a cara oculta dessa alma sem gente?
Uma primeira análise, tendo em conta toda uma panóplia de factos nem sempre passadas para o mundo virtual que é este blog sugerirá que o tiro, se não foi certeiro, lá próximo terá andado. Aliás, tão próximo quanto um segundo lugar, não tão distanciado assim.
Agradece-se a todos o Malditos que manifestem de sua sina, Alter Ego incluído, e convidam-se todos os internautas que aqui parem para descansar, abastecer, relaxar, admirar, criticar, e os demais, que se juntem à maçonaria para desvendar este mistério em cadeia, baleando e minando tudo e todos se for preciso, desde que o fundamento de sua opinião seja bem estruturado.
Lembrem-se...Abstenção, quanto muito, só nas europeias, aqui não!

Melhores cumprimentos,

A administração

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Devaneios Meditacionais #4


Gashi miuchi,



Aproveito o momento em que as forças retomam ao meu corpo para vos deixar com uma nova reflexão. Serei breve, esta repolarização energética é efémera.



Esta semana de repouso no leito de uma morte anunciada e passada comigo estendido no velho colchão rasteiro multi-secular teve o poder de despertar essa faceta humanitária que a futilidade das nosssas actividades diárias tem o prazer de desleixar. Até agora.
Deixando-me levar pela visão distante daqueles que a sociedade marginaliza diariamente, fui levitando lentamente a minha aura conduzindo todo e cada pedacinho de chi até ao hipocampo do meu cérebro, onde me encarreguei de encarcerar esta memória, que me acompanhará, decerto, independentemente da duração da minha vida terrena.
Não havia muito que observar. Havia, sim, o suficiente para um velho consciencioso acamado apreender daquela realidade, nunca o interpretando como divertimento ou passatempo, mas sempre com o maior sonkei e a mais sincera shinsei, adivinhando a história daquela alma, especulando e vasculhando-lhe o passado, pela técnica falível da indução.

A sua acção nada mais era que a ingestão de um copo de leite quente. Observava-lhe os goles esfaimados daquele néctar cálcico a que a maioria tem livre acesso, mas ele não. Para conservar o calor que teimava escapar num ténue sopro de fumo pela parte superior do copo, bebia-o depressa, enchendo rapidamente o estômago já atrofiado pelo "desuso". Aquele seu momento de triunfo e de gula - que nem esse Deus católico teria coragem de classificar como pecado - sorviam-lhe o fôlego e rasgavam-lhe um sorriso de orelha a orelha. Os restantes transeuntes que gentilmente se apinhavam com a pressa do seu pequeno almoço tinham a bondade de o tratar educadamente, havendo inclusivé quem se comovesse a essa felicidade momentânea de um andrajoso homem que por momentos voltava a ser senhor.



O momento foi fugaz, mas à partida foi-lhe carregada a maremita com munições - uma saca de pães acompanhava-o, doada por mais um anónimo sensibilizado, ao qual a fraca alfabetização mundana deste sem abrigo respondeu com a sua maior eloquência de educação: um obrigado sincero!
Nessa manhã soube que o mundo tinha a lição bem estudada, afinal de contas. Todo aquele núcleo de pessoas freneticamente hiperactivas na pressa de chegarem ao seu turno laboral, pararam por momentos contribuindo para a acção de simbiose que faz falta ao mundo actual: uma ajuda a quem precisa em troca de sorriso.



Recostei-me na cama. Estava imune à dor. Gentilmente acariciando a caneca com a tremura de uma mão um pouco menos débil segurei a caneca e dei um gole no chá frio que sobrara da noite anterior. Sorri, concluindo que a ausência de um Sensei talvez já não fizesse tanta falta assim, afinal. Venha alguém dizer-me o contrário.



Sonkei ken Ichibun,


Bachiatari Sensei

quinta-feira, 4 de junho de 2009

#4 assuntos internos

BIMM +0,140§

Cumprimentos

A Gerência

quarta-feira, 3 de junho de 2009

#9

Louvo aqueles a que apraz rotularem as suas obras com a etiqueta da "fama" de outros. A loro, ou ao já denunciado outrém - se for o caso - um brinde.
Sei que o tempo caminha pesaroso por vós, ansiosas e confusas almas imeersas na dúvida e na intra-acusação fácil e fútil, desde que a minha sombra se abateu sobre vós. E no entanto, aqueles que prometiam, em soar de carga bélica, descobrir a minha identidade, levantando este meu sombrero, continuam a desiludir-me. Que é feito de todo esse espírito de Sherlock? Onda pára a mordaz ameaça da "decapitação" em praça pública?

Vejo-vos à tona. Sinto-me tentado a acreditar na vossa derrota emocional, e a erguer em definitivo a minha bandeira sobre este vosso tugúrio, o qual enquadro na vertente tasqueira de... Sei lá...! Viseu? Seja. Mas convenhamos, como "quem está vivo sempre aparece", ouso ainda sentar-me na minha cadeira de baloiço aguardando pacientemente o erguer da vossa frota, a vossa última descarga de misséis até à versão contemporânea desse Dia D que se aproxima.

Não se enganem, nem me tentem enganar a mim, Malditos. Até às votações para o Parlamento Europeu, posso ainda revelar novas "candidaturas". Estejam atentos, estejam vigilat, pois entre todos os rostos familiares que convivem diariamente, haverá algum que vos surpreenderá.

Alter Ego

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Arte e a Medicina

"Qual é o principal músculo lateroflexor do pescoço?
- É o Esternocleidomastoideu!"



Vasco Santana, no filme "A Canção de Lisboa"




Hermenegildo Espinoza

#3 assuntos internos

Camaradas

La prestazzioni depositada no fim do dia de hoje corresponde a 0,045§.

Cumprimentos aos malditos

A Gerencia