domingo, 31 de janeiro de 2010

Realidade Percebida #8

Pergunto-me se é mesmo preciso ter pontaria para acertar com uma flecha numa maçã. Não basta apenas sorte? Diga-se que, nos tempos que correm, de uma maneira ou de outra eu não acertaria, ou por cataratas, ou por falta de sorte. Mas isso sou eu.
Pela primeira vez em meses voltei a sentar-me no velho cadeirão. A mente está mais cansada que nunca, o espírito é varrido pelas vagas mundanas da putrefacção que me rodeia e os objectivos estão mudados. De certa maneira, e por antitético e estranho que pareça, sinto-me mais novo. Infelizmente, sinto-me também outro.
"No cruzamento de Kahplan o touro encontrou dois caminhos. E ele sabia que era ele quem escolhia os caminhos e não o contrário. Escolheu a direita. E assim, ele enriqueceu, teve uma grande família e foi feliz; No cruzamento de Kahplan a cabra encontrou dois caminhos. E ela sabia que era ela quem escolhia os caminhos e não o contrário. Escolheu a direita. A cabra acabou esfomeada, sem amigos e sem sabedoria. Nunca foi feliz na vida".
Este ensinamento resume tudo isso.
Há sonhos, sonhadores e há pessoas felizes. Não se enganem: Se houver uma voz, um quente atordoante no peito ou uma lágrima no canto do olho que vos façam perder a força nas pernas e ficar afónicos antes sequer de berrarem, esse caminho vale a pena. Ser pragmático uma vez pode ser melhor que mil vezes teórico.

Com muita estima,

Bachiatari Sensei

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

entre escassas linhas #9

Há momentos em que o olhar transcende o ver.
(mentira, diz uma voz)
Não protesto.
Calo-me e divago...

"Admiro a sua silhueta de ser.
Descubro-a na penumbra do mundo.
Tem o seu destino traçado - depende de mim.
Tem a luz como inimiga, mas depende dela para se expôr.
Não a mentira, não a voz!
Não me vê, mas olha por mim..."

...porque da minha inveja eu tenho a sombra.

Pitt

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O nosso nome é vida

Todos estes dias têm sido, grosso modo, um mandamento histológico de enormes prolongamentos relacionais para uma correcta extrapolação da vida enquanto ciência mutável e capaz de copular alegremente com o meio. Ou então para a loucura. Que venha outro louco para nos julgar.
Ao estudante de ciências, em toda a sua largura, é permitida uma endossimbiose com o desconhecido e, se incorporamos esse nevoeiro – eficiente para todos os efeitos uma vez que tem permanecido na escalada dos dias como variável constante – tornamo-nos, de igual modo, uma penumbra eficiente para nós mesmos . Até ao dia em que não mais os nossos olhos ou qualquer outro sentido tenham dificuldade em aperceber-se dos vários estímulos: passamos de penumbra à exactidão, tendencialmente revelando um alto mecanismo de segurança de nos negarmos a nós mesmos. É que enquanto resistirmos a essa falsificação de nós mesmos, somos a coisa menos má que poderia existir. Daí a beleza da Ciência: é o caminho mais íngreme e compensatório para afirmar que poderíamos ser tanto mais ao mesmo tempo que nos exaltamos enquanto pequena coisa. Exemplifique-se de maneira grosseira, perdoando certos círculos com diâmetros díspares, decorrentes da fraca manipulação informática por parte do autor:


Por isso somos vida, não uma consequência dela, mas a vida. Vida. Imaginem uma vida chamada Hermenegildo Espinoza. Daí que a minha não seja lá muito bonita.





Hermenegildo Espinoza

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O sítio das coisas quase selvagens

A passagem de um ano não é mais do que isso: o ponto em que, de certa forma, mudamos os algarismos dos anos. Não mudamos fortemente, as promessas de bolso vazio são muitas, tudo aquilo que sempre queríamos ser não chega, pelo menos de maneira imediata e consumada. E ,se chega, não se deverá à miraculosa nova página do calendário. Antes à nossa força de acção. E à resistência mútua de par acção-reacção entre nós e o meio. Exemplifique-se: o Clube está na mesma, os seus membros com os mesmos defeitos e qualidades, mas com uma preguiça temporária, fruto muito provável de uma não capacidade em resistir à força do meio sobre nós. Estamos, grosso modo, preguiçosos. Uns ainda a recuperar o fígado das misérias, a adquirir o ritmo circadiano estabelecido antes das épocas festivas. Estamos intermitentes, contudo apostados na continuidade.
O médico, naquilo que nos concerne e no que temos oportunidade de falar intra-grupo, tenta, inevitavelmente, remar contra a hegemonia dos sítios selvagens, onde não sabemos conceber a não-humanidade, pois sempre haverá médicos enquanto houver humanidade e homens e mulheres e erros e novas variáveis e surpresas e mistérios e frases copulativas e vontade e ousadia e mais passado e mais presente e mais futuro. Sem isto não fomos, não somos, não seremos. Os lugares nomeados de selvagens para nós não existem (mas podem, e bem, ser imaginados): são antes lugares menos humanos ou de menor prevalência de humanidade. São os sítios das coisas quase selvagens.




Hermenegildo Espinoza

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

zzz ZZZ zzz


...perguntarão vós: que raio se passa pelo blog maldito?

Carecem palavras, mas não letras.
Carece tempo, mas não ideias.
Não sei explicar este fenómeno de outra forma sem pegar naquela molécula que resiste a todo o fármaco de que dispomos: TERMOGENINA.
(nãããããããããoooo!!!)
Uma vaga de termogenina deixou os malditos num estado de hibernação por tempo indeterminado...
... ó termogenina!

Pitt