sábado, 29 de janeiro de 2011

Epitáfios para um médico de algibeira V

/Não perdemos. Não ganhámos. Alguns de nós transformaram-se. A conservação da energia dos nossos dias diz muito das azias e dos nervosismos. Que nunca nos falte o sarcasmo. Não mudámos nada, afinal. A nossa lápide não é uma reiteração, é uma teimosia. Longa vida ao teimoso médico maldito!/




Hermenegildo Espinoza

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Possível topografia dos lugares interiores #28

28. rodopiar sobre o invencível calcâneo.


Se a mitologia nos permitir a arrogância
e a descrição humilde nos aprouver,
interessa contar com ganância
o duro tendão no acto de correr.

Se do joelho vai até ao tornozelo
ligando as nobres articulações,
importa louvar o excesso de zelo
que nos afasta dos tropeções.

É que há uma posição a manter,
um bipedismo que nos faz esvoaçar,
acreditem, não é preciso ver para crer
que andar é voar em oposição ao céu e ao luar.





Hermenegildo Espinoza

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Gira-discos #33

Coldplay - The Goldrush

Meus amigos, garanto-vos, mais que a morte, mais que o fim, garanto-vos um ciclo de rejuvenescida vingança. Ou talvez não de vingança, mas de impaciência, como o barco que sabemos que vai atracar no porto pelo barulho que ouvimos no meio do nevoeiro, mas que, pequeno casco de sebastião, não chega. Um qualquer mundo cheio de pequenos barcos que não chegam, uma morte teimosa e uma vingança que, cíclica, se esconde por entre o marulhar. E damos connosco a implorar o verbo morrer neste inverno, num imperativo de último carinho. Matem-nos, matem-nos bem, mas com o devido carinho com que qualquer morte - ela, ele, quem sabe nós mesmos - deve vir buscar os seus amigos mais próximos, na corrida pelo melhor ouro.




Hermenegildo Espinoza

sábado, 15 de janeiro de 2011

Possível topografia dos lugares interiores #27

27. as experiências de remendar os tortos.


Sangue azul a saltitar no seu corcel,
experiências de ressuscitar os mortos
de tão direitos a remendar os tortos;
acabar a fugir do incompleto painel.

Até que alguns descalços e moribundos
decidiram estudar o ouro baço dos burgueses,
e equacionaram o roubo dos bandeirantes portugueses
que perderam a moral enquanto desbravavam os mundos.

Do que resta das terras e colinas de ninguém
é escrever dos cadáveres os registos biográficos,
dos malefícios implícitos em contornos diabólicos,
assinando com a muita ignorância que a gente tem.




Hermenegildo Espinoza

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Epitáfios para um médico de algibeira IV

/Nosso Senhor alquimista, guarde em descanso este homem que, sem descanso, errou. Que o guarde, sem descanso, pelo tempo que não viveu. Dos seus amigos, pacientes e inimigos, todos eles ainda à procura da pedra filosofal./




Hermenegildo Espinoza

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Dos nossos mestres #3





"Entrevista a La Fuente de Carvalho

O médico e investigador português La Fuente de Carvalho é o autor de um estudo que abre portas ao tratamento da disfunção eréctil de diabéticos. Uma grande parte dos homens com disfunção eréctil é diabético e não pode recorrer aos meios tradicionais de tratamento da doença, nomeadamente os medicamentos existentes no mercado, daí a importância deste avanço.

Nesta entrevista conduzida pela jornalista Isabel Cunha, o investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar revela detalhes sobre este estudo que identificou uma nova via de relaxamento das artérias do pénis.

Esta via não tem qualquer relação com o estado das artérias do doente, o que levanta uma outra questão. La Fuente de Carvalho explica que se o doente diabético estabilizar as lesões arteriais já estabelecidas, a administração deste novo medicamento pode permitir a recuperação do estado funcional das suas artérias. Esta hipótese vai ser confirmada ao longos dos próximos anos."



Hermenegildo Espinoza

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Possível topografia dos lugares interiores #26

26. as duas faces do escalpe de Janus.


Janus,
era assim que o chamavam,
enquanto o tempo não se habitua
ao naufrágio de ir e à maré de voltar.

Janus,
era assim que o chamavam,
tinha o pensamento do pelourinho
a dividir a urbanização da aldeia.
Quem vier por bem, não virá escondido,
nas duas faces do mesmo rosmaninho.

Janus,
era assim que o chamavam,
desfilava pelos anos esticados,
mas rugas vinham sobrepostas
ao elixir híbrido da juventude.
E é assim que o chamam,
Janus,
antes de o virar no calendário.



Hermenegildo Espinoza

domingo, 2 de janeiro de 2011

médico
(latim medicus, -a, -um,
medicinal)
adj.adj.
Relativo a
medicina. = medicinal


médico
(latim medicus, -a, um, relativo à Média)
adj.adj.
Da Média (Pérsia) ou
a ela relativo.


médico
(latim medicus, -i)

s. m.1. Med. Pessoa que exerce medicina.
2. Fig. O que cura um mal-estar (físico ou moral).
médico espiritual: confessor.
visita de
médico
: visita muito rápida.


in
diciomaginário