sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A intromissão de Albrecht Dürer na obra de Saramago


É imperativo ler as primeiras 8 páginas d' O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de Saramago, tendo em mente a gravura de Albrecht Dürer, pertencente ao Grande Calvário.

Apontem as semelhanças.

Pitt

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rubicundo (2)

Num fim-de-semana em que os três grandes - Benfica, Porto e Braga - cumpriram a sua missão de começar a chegar à frente na qualificação, o repasto benfiquista deu em duas goleadas, uma da sul-americana equipa A, e outra da equipa B, que esfrangalhou o Belenenses. No jogo da equipa principal, a expulsão do Amoreirinha - que, pelo que me pareceu, tentou, de uma só vez, cortar as pernas ao Melgarejo e aparar a relva do Bonfim - facilitou as coisas para os muchachos benfiquistas, que só tiveram de continuar a ofensiva que pareciam trazer já de bagagem para obterem uma vitória merecida e, diria mais, espontânea, pois é sabido, pela Energia Livre de Gibbs, que a vitória benfiquista é um processo espontâneo, portanto com delta G negativo, e que só com alterações do valor de Entropia, como por exemplo, a introdução de café com leite, fruta, ou as invenções de Jesus, pode degenerar. Já a equipa B parece bem encaminhada para trazer aos olhos dos benfiquistas os diamantes da formação. Não se esqueçam de um Ivan Cavaleiro, até a Wikipedia parece já estar atenta.
Uma palavra final para o Rio Ave, que com as remodelações gerais nesta nova época, contando para isso até com a gestão do Espírito Santo, e depois da derrota da primeira jornada, conseguiu vencer na sua deslocação ao Estádio de Alvalade, onde um Sporting depauperado tenta fazer-se à piscina dos grandes, apesar de continuar a perseguir o poema "Quase" do Mário de Sá-Carneiro, em que para atingir o sucesso, falta-lhe um golpe de asa.




Hermenegildo Espinoza

diz-se por aí #1


o prometido é de "vidro".


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Muse, The 2nd Law

Se o novo álbum se assemelhar a Survival, que vá ser ruído para outro planeta!


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Morreu o homem que pedia para morrer

O título - muito adequado - foi o escolhido pelo Público para resumir o imbróglio ético-jurídico de Tony Nicklinson, que acabou por falecer hoje, na sua residência em Inglaterra, de causas naturais. Desde 2005, após um sofrer um AVC, este britânico estava sem qualquer movimento voluntário do pescoço para baixo, sem conseguir falar e só com a única capacidade de comunicar através do piscar dos olhos. Esta condição, conhecida por Síndrome de Locked-in, em que há lesão do tronco cerebral ou outras estruturas inferiores do sistema nervoso central com preservação das funções corticais, é particularmente atroz, pois toda a actividade cortical do doente está preservada, todos os pensamentos íntegros, ou seja, apesar de se encontrar aprisionado dentro do próprio corpo, ficando dependente de ajuda para todas as tarefas do quotidiano, o doente tem total consciência do seu estado.
A batalha para poder, conscientemente, acabar com a sua vida, uma vida “aborrecida, miserável, exigente, indigna e intolerável”, começou em 2007, ano a partir do qual repetiu numerosas vezes a vontade, "não passageira" e consciente, de poder terminar com aquilo que já não considerava uma existência digna. Para conseguir levar a cabo a sua determinação, dado o seu estado de quase total imobilização, precisaria de ajuda, o que, de acordo com a lei britânica, que não contempla a eutanásia ou o suicídio assistido, levaria a pessoa que o assistisse nessa acção a ser acusada de homicídio.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Google Translator e a verdade desportiva


(...)

Record – Os jogadores do nosso campeonato é que estão mal habituados?

Petit – Os árbitros são muito rigorosos. Foi o que aconteceu neste caso. Acredito que o Luisão não teve a intenção de derrubar o árbitro e que até queria proteger a equipa, mas a verdade é que os árbitros alemães são assim. Eu uma vez fui expulso por insultar o árbitro, logo no meu primeiro ano na Alemanha.

R – Em alemão?

P – Não, em português. Mas eles foram ao Google tradutor e levei 5 jogos de castigo.

(...)

Entrevista do Petit, antigo jogador do Benfica e do Boavista, ao Record.



Hermenegildo Espinoza

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

diário de bordo

dia 9 e 10 - "esperam-me ondas que persistem"

na voz dos Ornatos Violeta, o retrato do que p'ra aí vem, nesta viagem.
na escrita, o diário fica por aqui.
até breve...



pitt

domingo, 19 de agosto de 2012

Rubicundo (1)

Jorge Jesus deve ser o treinador que, à custa de uma primeira época com futebol de encher a vista e concluída com o título, vive há mais tempo, na história recente do Benfica, sob uma asa de graça cada vez mais instável. Como se estivéssemos, desde a conquista do último campeonato, à espera que Jesus trouxesse de novo Jesus. E admita-se que ele tem feito um trabalho meritório nesse sentido de descrença. Ontem voltou à sua hermenêutica futebolística, que torna difícil, tanto para o adepto leigo como para o adepto que é leigo mas não o sabe, compreender a sua forma de maniatar a equipa. Mais que tudo, Carlos Martins ficou no banco a ver as trapalhadas dos colegas. Witsel voltou ao conflito táctico do costume, apoiando mais Javi Garcia na manobra defensiva e furtando-se à sua criatividade que costuma surgir uns metros mais à frente no campo. Nem carne nem peixe, é o problema do posicionamento do Witsel, e enquanto o bom senhor Jesus não lhe der aquele terreno para poder brilhar regularmente, terá de se remeter à terra de ninguém que correspondeu, no jogo, ao espaço situado entre ele e o Rodrigo, uma zona despovoada que viveu das arrancadas pré-Bruno Alves que o espanhol conseguiu impor. Da colmeia de extremos tivemos a obreira chutachuta prognata e o zangão Salvio que, sem rotinas, já foi muito bom ter conseguido aquele encontro fortuito, e furtivo, com a baliza-rainha que possibilitou o primeiro êxtase da Luz. Depois, a defesa não estava à espera que o cérebro das jogadas concretizadas pelos bracarenses fosse aquele potencial bom extremo, chamado Melgarejo, que tem tudo para dar um mau lateral adaptado, dado que possui, para já, um corte de cabelo dificilmente equiparado ao do Coentrão e um sentido posicional defensivo que não se consegue corrigir nem com um GPS na camisola do rapaz. Não só marcou um autogolo de belo efeito, como ainda fez um corte defensivo para o qual é difícil encontrar adjectivação adequada - por defeito deste vosso escriba mas, desconfio, também da língua portuguesa - e que foi ainda complementado pelo seu posicionamento desafortunado que colocou em jogo o Mossoró, que teve tempo de perguntar ao Artur para que lado se queria deitar e de olhar para o auxiliar para ter a certeza de que o seu momento não era estragado. E não foi. Diz Jesus que é preciso dar tempo ao jovem Melgarejo, o que se for em relação ao cabelo, uma ida a um cabeleireiro qualquer no Colombo resolve o assunto, enquanto que a missão de conseguir arranjar um GPS para o início desta temporada, se for mal sucedida - leia-se: as próximas duas ou três jornadas -, podemos começar a pensar com calma em 2013/2014.
Até ao fim foi um suplício, tudo. A súbita precisão milimétrica do árbitro quanto à marcação das faltas; os repentinos espasmos musculares do Beto que permitiram um amarelo e um momento televisivo para o Cardozo e também a anulação de um golo ao Benfica naquele momento em que o guarda-redes parecia estar numa praia de Matosinhos a ver os aviões e a bola lá atrás; o pedido de clemência do Santo Custódio na expulsão do colega inocente; a entrada de Enzo Pérez em campo como quem pergunta: foi para esta merda que fiquei?, enquanto o Ola John adormecia recostado num banco qualquer.
Como epílogo, uma palavra de apreço para Jorge Buescu, a quem Artur Soares Dias vem dar razão quando o primeiro disseca os problemas dos portugueses com a matemática. Seis substituições na segunda parte, que os mais optimistas juram tomar no mínimo trinta segundos, perfazem, se os números não nos defraudaram, três minutos. Na óptica arguta do árbitro, o minutinho a mais de espectáculo que ofereceu cobriu, respectivamente, a grande penalidade, as inúmeras paragens do jogo, os impunes pontapés de baliza em slow motion do Beto-olha-os-aviões-lá-atrás e, não esqueçamos, a garrafinha de água resgatada à grande área bracarense para ser abrigada junto da segurança do quarto árbitro. Teve melhor tratamento, e daí desigual, do que a galinha do estádio do Dragão ofertada ao Roberto há duas temporadas, certamente ignorada para a posteridade pela sua ausência do relatório solene do jogo.





Hermenegildo Espinoza

sábado, 18 de agosto de 2012

Estudar o desconhecido e as pontes entre nós

Centro de Investigação da Fundação Champalimaud




Complexo ICBAS / FFUP, Porto


Hermenegildo Espinoza

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Gira-discos #44





Em muitos karaokes, em muitos pedidos de namoro ou casamento, em qualquer destes eventos, é raro faltar, no imaginário português, quem cante uma música de Rui Veloso, entoando as letras que pertencem quase todas (ou mesmo todas?) a Carlos Tê, letrista indissociável da carreira do músico. Também indissociável de cada recente Verão português está o imaginário de Bernardo Fachada, na sua promessa de dois discos por ano. Os seus discos de Verão resultam da recolha e nova integração da multiculturalidade musical portuguesa, nas suas várias vertentes intrinsecamente regionais, mas também, e ninguém o pode acusar de excesso de pudor, na vertente lusófona, com largas fronteiras. Neste Criôlo, a sua festa estival de 2012, e com um esquecimento da viola, há afro-pop, reggae, teclados anos 80 no limite do embaraço, percussões dançantes e o apelo ao movimento da coxa, da perna e do pé, enquanto os braços se enrolam no par. Contudo, o factor que une todas as dimensões musicais de B Fachada reside nas suas letras, ou melhor, nas histórias de cada canção. Perdoe-se o exagero, mas tal como um zarolho pretendeu cantar um povo, o povo de Portugal, parece que Bernardo Fachada decidiu, a exemplo de Afonso Henriques que primeiro se intitulou Rei dos Portugueses e não Rei de Portugal, escrever as pequenas histórias dos portugueses. E são essas pequenas «epopeias» que embelezam a carolice, a javardice e o chico-espertismo do povo. Drogas, prostituição, atrevimentos, confusões amorosas, apelos (quem quer fumar com B fachada?; enrolas tu, fumo eu primeiro) são os condimentos que surgem em força em Criôlo, mas há espaço para tudo, até para que o português se entretenha a dançar na espera de que o disco de Inverno nos remeta para o conforto da lareira.











Hermenegildo Espinoza

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

diário de bordo

dia 8 - e as ilhas num mar vermelho 2

pode constar na Constituição de uma delas, exclusivamente, a Lei de Sod. que tantas ilhas supensas num mundo petri!?

pitt

diário de bordo

dia 7 - a alta que a todo o custo evitamos:

alta celestial

pitt

terça-feira, 7 de agosto de 2012

diário de bordo

dia 6 - e as ilhas num mar vermelho

hoje foi dia de bolina contra o periósteo.
por entre botões anestésicos, vi-me, em que instante?, a flutuar lado a lado com CFUs medulares. que ilhas suspensas! flutuam sem responsabilidade, ancoram ao sabor da sorte; aquelas que vão ficar na memória do mielograma, guiarão os navegadores que se sucedem, no mundo petri que é a caixa plano. as tormentas continuam a ser um abismo, e ainda se encontram para diante.

pitt

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

diário de bordo

dia 5 - lisp e a incongruência

era noite.
à custa do luar, os meus olhos brilhavam tal e qual os de um gato, para quem me visse de longe. ao menos era o que comentava um dos meus companheiros de bordo, um dos mais experientes, quando ao mesmo tempo caminhava em direcção a mim.
"já reparaste? tenho lifp", disse.
é a minha primeira viagem, nunca ouvi falar de lifp?, pensei.
o instinto felino aguçou a minha curiosidade, pois de felino tinha também, esta noite, o estado de consciência. descobri ao que se queria referir esse tal marujo. referia-se ao lisp, em inglês cecear, dificuldade em pronunciar os s's.
é um termo um pouco inconveniente. descreve a condição que se caracteriza por dificuldade na pronuncia dos s's, condenando, a quem dela padece, ao perpétuo lifp.

pitt

diário de bordo

dia 4 - conjectura astrolábica além Bojador

o Cabo das Tormentas ainda não foi dobrado. as ideias tormentocênticas, porém, moldaram as vigentes, minhas. subjugam o corpo à sinapse. de modo grosseiro, anunciam "a medicina como ramo da neurologia"
entretanto, o Bojador só agora ficou para trás. mas para lá caminhamos.

pitt




quarta-feira, 1 de agosto de 2012

diário de bordo

dia 3 - ictus cordis mais que direito

ali estava ela, a silhueta do contra.
dextrocardias existem.
dextrocardias cardiomegálicas existem.

pitt