O título - muito adequado - foi o escolhido pelo Público para resumir o imbróglio ético-jurídico de Tony Nicklinson, que acabou por falecer hoje, na sua residência em Inglaterra, de causas naturais. Desde 2005, após um sofrer um AVC, este britânico estava sem qualquer movimento voluntário do pescoço para baixo, sem conseguir falar e só com a única capacidade de comunicar através do piscar dos olhos. Esta condição, conhecida por Síndrome de Locked-in, em que há lesão do tronco cerebral ou outras estruturas inferiores do sistema nervoso central com preservação das funções corticais, é particularmente atroz, pois toda a actividade cortical do doente está preservada, todos os pensamentos íntegros, ou seja, apesar de se encontrar aprisionado dentro do próprio corpo, ficando dependente de ajuda para todas as tarefas do quotidiano, o doente tem total consciência do seu estado.
A batalha para poder, conscientemente, acabar com a sua vida, uma vida “aborrecida, miserável, exigente, indigna e intolerável”, começou em 2007, ano a partir do qual repetiu numerosas vezes a vontade, "não passageira" e consciente, de poder terminar com aquilo que já não considerava uma existência digna. Para conseguir levar a cabo a sua determinação, dado o seu estado de quase total imobilização, precisaria de ajuda, o que, de acordo com a lei britânica, que não contempla a eutanásia ou o suicídio assistido, levaria a pessoa que o assistisse nessa acção a ser acusada de homicídio.
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