É esta a semiologia e o retrato anatómico do corpo
daqueles que passam muito tempo de pescoço estirado
para o alto, para longe, para finos recortes de horizontes,
espelhados sabe-se lá onde e por que justificações ou álibis.
Normalmente acompanhados por errantes tentativas
chamadas também processos de aprendizagem do assobio,
como iniciação e manutenção do escorreito fluir do sopro.
Afinal temos mais fáscias encerrando a nossa maquinaria
do que aquelas que nos são dadas a vislumbrar.
E se questionarem e exigirem explicações:
- O que se passa com a minha nuca, doutor?
Não fales logo nas suas vértebras
nem respondas de pronto hiperlordose cervical.
Sempre lhes poderás dar tempo de imaginar
que andam vergados pelo peso dos sonhos,
de cabeça tendendo para tropismos de expectativas.
Hermenegildo Espinoza