quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Gira-discos #13



Tiago Bettencourt & Mantha - Outono

Do tiritar da estação agreste e exacerbada pelo frio, temos a inércia como fonte de incapacidade, do tardar dos trabalhos a fazer. É que os dias estão propícios à pasmaceira e ao espanto no vislumbre das luzes de natal, para alguns psicadélicas, da avenida dos Aliados. Numa boa companhia, numa conversa animada por sorrisos cheios de ar expirado em colunas de nevoeiro, um fim de tarde/início de noite pode ser acolhedor. A noite é um puzzle de dez mil peças e as luvas de lã contêm segredos escondidos debaixo da eminência tenar. E revoltamo-nos com as nossas obrigações, com a falta de tempo imposta por factores, sei lá ao calhas, anátomo-epidemio-histo-fisio-neuro-bioquímicos. E depois sabe bem olhar para o chão tingido por essas luzes de natal que projectam - como refere certa bíblia histológica - aspectos de tronquinhos secos no chão de uma floresta aludindo a fibras reticulares. O curioso é que sabe bem, dizia, olhar para esse chão e não ver mais nada. Nada. Nada de histologicamente relevante ou de qualquer outra estirpe científica. Apenas aspectos de tronquinhos secos no chão de uma floresta, excepto para aqueles que negam a virilidade da frase. E, enfim, as luzes do término do Outono.



Hermenegildo Espinoza

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