sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Gira-discos #11

New Order - Ceremony

Uma adolescência acompanhada por Joy Division acaba sempre por nos entricheirar entre a rebeldia e o sonho. Ouvimos o baixo, a guitarra, a bateria a pedalar nos nossos ouvidos e aquelas palavras melódicas da voz dura e profunda do Ian Curtis e achamo-nos donos de um estrebuchar de adrenalina subindo-nos pelo corpo. Quantas vezes não amplificamos a música no quarto, colocamo-nos em frente ao espelho e berramos surdamente contra ele, contra a nossa imagem? Quantas vezes não insuflamos a jugular no pescoço, enervados com o mundo e com a cerimónia que nos desampara? Tudo dentro do quarto, alheios ao mundo e ao sagrado no sentido humano.
Lembro-me, pois, da primeira vez que ouvi o Ian Curtis na solidão do meu quarto, muito depois do seu suicídio e do surgimento dos New Order. E, admito, custava-me a crer que alguém com aquela voz, aquele potencial, tivesse sucumbido à epilepsia do mundo, mergulhado no fundo da depressão com tanto do divino da vida por experimentar. Entretanto, não deve ter morrido de certeza. Andamos nós a falar dele e, como bem se sabe, só morremos quando morrem as últimas pessoas que ouviram falar de nós. Vamo-nos tatuando na matéria envolvente. Foi o que fizeram os New Order que, para começar, não deixaram morrer uma das últimas músicas escritas pelo Ian Curtis. Música essa que se chama - digo-o com um sorriso - Ceremony e que, se olharem para mim podem não notar, mas está impressa debaixo de toda a minha pele:

This is why events unnerve me,
They find it all, a different story,
Notice whom for wheels are turning,
Turn again and turn towards this time,
All she ask's the strength to hold me,
Then again the same old story,
World will travel, oh so quickly,
Travel first and lean towards this time.

Oh, I'll break them down, no mercy shown,
Heaven knows, it's got to be this time,
Watching her, these things she said,
The times she cried,
Too frail to wake this time.

Oh I'll break them down, no mercy shown
Heaven knows, it's got to be this time,
Avenues all lined with trees,
Picture me and then you start watching,
Watching forever, forever,
Watching love grow, forever,
Letting me know, forever.



Hermenegildo Espinoza

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