sábado, 14 de novembro de 2009

Exclamação!

Cegos. Repito, cegos. Juntem-lhe uma causa, mas teremos sempre o mesmo fim.
Congratula-mo-nos e damos graças pela visão, ou então nem pensamos nisso porque a Natureza do ser humano não é a de "boa, acertei dez em vinte" mas a de "porra, falhei dez em vinte!". Pergunto, será que sabemos usar os olhos de facto? Pois bem, agora adivinhem onde quero chegar, tal como o cego tacteia o escuro em busca de um caminho. Quando descobrirem, perceberão que estar de olhos fechados pode ensinar a andar de olhos abertos.
Ao que se constata, os tempos mudaram. Abandono dia a dia o tom jovial e o patriotismo heróico de outros tempos para materializar o genocídio espiritual e a fraca carne do que é viver hoje - Ò Poeta, esse Quinto Império, esse que outrora esboçavas por entre linhas incertas e uma determinação colossal, há muito que foi derrotado, não pela falta da elite culta e civilizada que espreita a esquina, mas pela prosperidade de uma anarquia de estilos variados mas todos eles igualmente ateus à cultura e boas maneiras.
E se algum dia alguém disse "Eu tenho um sonho", eu volto a dizê-lo: Eu tenho um sonho. Sonho com o dia em que a geração de hoje deixe de dividir águas e passe a amenizar a terra, sonho com o dia em que formigas da mesma colónia deixem de fomentar revoltas pelas palavras aleatoriamente (em sujeito e conteúdo) cuspidas como veneno de cobra. Sonho, mas não caio na ilusão de crer em milagres. Porque afinal, quando no dia seguinte acordar, tudo estará na mesma e os mudos e surdos não deixarão de o ser, nem mesmo os fala-baratos e cuscos passarão a mudos ou surdos; já me tinham falado no ciclo fútil e vil da vida, mas ainda não me tinham dito que era tão entropicamente favorável.
E o pior. O pior... É estar-se numa eterna puberdade, numa idade do armário na qual estagnamos, sem fome de mais nem sácia de menos, nem ter massa cinzenta para entender implicações, responsabilidade e noção do ridículo.
Isto aprendi eu nos primeiros anos de vida, outrora, não agora.

Derrotado,

Bachiatari Sensei

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