segunda-feira, 16 de julho de 2012

Costelas flutuantes são caravelas do mar que nunca irão atracar - apontamentos sobre a melancolia do marulhar #3

O calor a espalhar-se na pele, o sal, trazido pelo vento, a depositar-se nos poros. Os lábios dela secos, salgados, de qualquer maneira bonitos. Contornámos a rebentação das ondas, de mãos dadas. Os amigos ficaram para trás, na galhofa. A praia inclinava-se sobre o mar, o amor inclinava-se sobre a paisagem. Pedi-lhe para se sentar. Tirei-lhe uma fotografia. O vento matreiro, apanhando o vestido estival desprevenido, deixava à mostra as coxas, as pernas e os pés. Lembro-me de o mar se manifestar. Naquele pôr-do-sol, não esqueço nem o marulhar nem as pernas dela.



Hermenegildo Espinoza

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