54. um pé navicular.
Enquanto na popa todos esperavam,
a vida verdadeira balançava na proa.
O coração gritava: lancem a âncora!,
mas o pé só tropeçava entre a brisa
que se acomodava no arco plantar.
Que vai ser de nós?, lamentavam
os vários tarsos encolhidos
entre a física do pé-motor
e a anatomia do pé-descalço.
Não vos espera nada, respondia
o altivo resto do corpo,
nada mais vos resta, avisava,
do que aprender a bolinar
neste duro chão salgado.
Hermenegildo Espinoza
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