domingo, 20 de novembro de 2011

O narcótico dado às cegas

quando não se é ouvido vai-se bater a outra porta.

foi o que fez o rezingão. rezingão que se preze, não só faz oscilar membranas timpânicas, como também provoca oscilações da glote, em movimentos coordenados de cordas-palavras.

o rezingão não tinha esse efeito com o, até então, seu ortopedista. que se pode fazer perante um ortopedista enviesado? é surdez e não-cegueira.

se essa surdez é ou total, ou selectiva, é outra questão. mas estou em crer que se a deficiência auditiva fosse absoluta, o ortopedista jamais teria sido ortopedista, porque não conseguiria acudir aos "ais" que todos os dias o chamam.

a não-cegueira é osso do ofício. ortopedista só acredita na dor que se vê: tibias fracturadas que espreitam a luz do dia; pisiformes com microfracturas no papel Curie, luxações dos pés às 12h30min.

portanto,ortopedista só ouve aquilo que vê. é céptico.
o analgesista, não. ouve o que não salta à vista. não deixa de ser céptico, mas é metódico.

resta-me ter fé no seguinte: que a mão do rezingão faça ressoar a campainha certa.

galli pitt

2 comentários:

  1. tudo mt bonito, mas quem é o "analgesista"? alguém que tem por especialidade anestesiar ânus?

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  2. com o teu humor impertinente rezingão, esbarras onde devias esbarrar.

    gp

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