13. o Verão a pedalar-nos nas articulações.
Na chegada dos pólenes
a bicicleta a subir na direcção do sol.
As articulações que no Inverno rangiam
sons sinoviais de esquecimento do movimento,
despertam orquestras de pirilampos nocturnos.
Nesses dias mais longos que a noite
começávamos sempre por ser mais novos.
Os joelhos esfolados com consequente sermão das mães
tinham mais vivacidade que a memória da geografia dos rios
naquelas mesas da escola espelhadas nos olhos cansados.
E o suor da correria era melhor que anti-inflamatório.
Inchados muitas vezes nas batalhas com os enxames de abelhas
ignorávamos os mecanismos das alergias, o desenho do corpo,
a existência da responsabilidade futura de correctas gincanas.
Sabíamos tanto de traquinice como hoje dos numerosos ligamentos,
das cápsulas, dos meniscos, da irrigação das áreas de acrobacias doridas.
E ainda agora o Verão chegou ao nosso pensamento antigo de criança
para nos fazer rejuvenescer um pouco, um pouco de vida para esbanjar.
Hermenegildo Espinoza
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