quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Reencontros & estiramentos



Não há melhor conforto do que regressar de um período de férias pleno de sapiência da preguiça e de outras miudezas e, invariavelmente, reconhecer a presença daqueles seres constantes no nosso pensamento e nos vários projectos com que nos deparamos. O clube tem sido, desde o início, a ambivalência e o amparo de um grupo de amigos ligados por pequenos fios, sinapses tão ténues que não raras vezes constatamos pensar simultaneamente na mesma coisa. E, contudo, heterógeneos somos e ainda bem que tal acontece. As nossas personalidades quase bipolares, imersas num quotidiano citadino, permitem um enquadramento nas várias geometrias da realidade. Não somos substância superior ou matéria arrogante: convivemos com os nossos imensos erros, defeitos, traços irritantes de personalidade e igualmente sofremos, como o maldito Darwin vaticinou, da selecção natural e sexual com que nos agarramos aos vértices baços da sociedade. Porém, tendemos a trabalhar como um sincício funcional: almejamos os mesmos objectivos, intrigam-nos as potencialidades da Ciência - alicerçada nas ciências médicas e de largo espectro nas demais áreas do saber - procuramos, dentro dos nossos gostos, discutir e produzir arte em todas as suas expressões, tendo como base essencial a escrita e a leitura. Muito do que até aqui se desfiou é uma pequena amostra do universo de hipóteses por nós testadas em todos os âmbitos. Poder-se-ia rotular isto como um curriculum vitae do rasto das nossas pegadas, e, parafraseando, o caminho faz-se caminhando.
Com agrado nos voltámos a reunir e as ideias não rareiam, pelo contrário, irromperam num surpreendente alinhavar de ideias-esboço. Outros projectos, desta feita paralelos, assomaram aos nossos planos. Nos próximos tempos andaremos a tentar conciliar todas estas novas variáveis nas nossas vidas e permaneceremos, na medida da nossa disponibilidade, a destilar aquilo que sabemos e que nos aprouver partilhar. Paciência impõe-se, e podemos confessar que temos ideias ao nível do conteúdo do clube, da sua imagem e das suas fronteiras. Na devida altura, quem apreciar esta aventura que tanto tem de ridícula quanto de ambição, poderá vir, como o tem feito, esmiuçar o nosso promontório de bites e bytes, zeros e uns.
Da reunião magna, a acta lavrada ressoa uma plêiade de entusiasmo e uma miríade de sorrisos. Contam as paredes que houve quem de lá saísse com cãibras e estiramentos ao nível do músculo risório, do levantador do lábio superior e do zigomático maior.
Os nossos cumprimentos mais amistosos, em especial do Cluni que tem andado estafado com o estudo minucioso da anatomia feminina, sem fronteiras aparentes.




Hermenegildo Espinoza

2 comentários:

  1. Caro Espinoza

    Eis um texto que espelha o teu ser e a tua omnipresença.

    É admirável essa conclusão a que chegaste, essa aparente contradição que no fundo é a essência e os alicerces que sustentam esta humilde casa dos malditos. Iguais e diferentes...é esse o segredo!

    Cordiais cumprimentos

    Pitt

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  2. Um velho sábio dizia: "Não é a agilidade do macaco nem a rapidez da chita que os põem em todo o lado. Mas a pequenez da mosca fá-lo".
    Uns quantos pares de olhos, uma imaginação criativa, piadas espontâneas e a ambição desmesurada fazem maravilhas. Aqui está a prova.

    Celebremo-lo, mas tenhamos a consciência de que o trabalho da vigilância maçónica ainda arregaçará muitas mangas e trará uns quantos cabelos brancos, ainda que quem trabalhe por gosto não se cante.
    Já merecia um "Eferreà", aqui o estaminé.

    Curvadas saudações

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