O que o espírito renova o corpo tem o dom de consumir. Via-o antes e vejo-o agora.
Insistiu o Rui que fosse com ele ao poço do conhecimento de onde diariamente bebe, juntamente com todo o bando de miúdos e graúdos, mais ou menos sabedores e escalonados pelo hierárquico respeito de diferentes anos de curso.
Já tinha ouvido falar da fama dos estudantes de Medicina - nerds de olhos cansados com conversas mais que técnicas e científicas de que ninguém percebe patavina, mas deambulando orgulhosos, ainda assim, do triunfo que lhe relega o estatuto de pertencerem ao estereótipo da elite social preconizada por velhos e novos que rastejam atrás da placa de senhor doutor. Aos últimos lhes digo, erguei-vos, não como cavaleiros, mas como inconscientes mentes que cospem na própria dignidade ao subjugarem-se de tal maneira. Aos primeiros atalho que a pomposidade de um peito cheio de ar de nada serve sem resultados, sem alguém com quem a partilhar e mais acrescento que valores hão-de ser mais importantes que uma placa com nome - "o rei só nada fará, se alguém tiver que o faça por ele".
Não obstante e calando protestos direi que sim, deve ser reconhecido valor a um médico pelos anos que dedica ao estudo e pelas privações a que tem que obedecer. E é mesmo assim, porque vitimas aqui não existirão e antes não existissem de todo. No entanto, jamais fazer-se valer do prestígio e conhecimento adiquiridos pela douta mente para satisfazer caprichos de real alteza ou enxovalhar a imagem do pobre analfabeto controlando a sua mente hipocondríaca.
É isto que o espirito renova: o conhecimento. De geração em geração de médicos, passa conhecimento ancestral e novo é adquirido, requerendo nova paciência, mas trazendo novas vantagens. São essas, as vantagens, digo, que pela tentação de bolso descarrilam o comboio e com as quais o corpo se encarrega de fortalecer. Leia-se corpo como o individuo fisíco; sim, esse mesmo, que vai em viagens, participa em "congressos", que compra novos carros trianualmente.
De isto me lembrei eu, enquanto assistia ao estudo de três almas que sonhavam com o estetoscópio e a bata branca. Um sonho de rico, literalmente, não só a julgar pela pronúncia e gestos oratórios, mas pelo teor da conversa em si. Um verdadeiro núcleo da Foz ou de Cascais, que salvo meia dúzia de pardas almas dessas terras nada se aproveita, entre filhos de papás e pipis cuja realidade distorcida pelo dinheiro faz do seu ego pedestálico demasiado altívolo para pousar na humilde integridade de um profissional de saúde com todas as letras, cujos joelhos batem no chão e mão toca o coração, ao som da melodia hipocrática de um juramento que lhes traça na palma das mãos a sina de um compromisso.
Lia eu numa placa à entrada "O médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe". Hão-de estar o autor e o galardoado, que por razões desconhecidas não coincidem, a dar volta no caixão a cada palavra desses que referi.
Dias virão, em que eu fale nos verdadeiros estudantes desta arte.
Bachiatari Sensei
Insistiu o Rui que fosse com ele ao poço do conhecimento de onde diariamente bebe, juntamente com todo o bando de miúdos e graúdos, mais ou menos sabedores e escalonados pelo hierárquico respeito de diferentes anos de curso.
Já tinha ouvido falar da fama dos estudantes de Medicina - nerds de olhos cansados com conversas mais que técnicas e científicas de que ninguém percebe patavina, mas deambulando orgulhosos, ainda assim, do triunfo que lhe relega o estatuto de pertencerem ao estereótipo da elite social preconizada por velhos e novos que rastejam atrás da placa de senhor doutor. Aos últimos lhes digo, erguei-vos, não como cavaleiros, mas como inconscientes mentes que cospem na própria dignidade ao subjugarem-se de tal maneira. Aos primeiros atalho que a pomposidade de um peito cheio de ar de nada serve sem resultados, sem alguém com quem a partilhar e mais acrescento que valores hão-de ser mais importantes que uma placa com nome - "o rei só nada fará, se alguém tiver que o faça por ele".
Não obstante e calando protestos direi que sim, deve ser reconhecido valor a um médico pelos anos que dedica ao estudo e pelas privações a que tem que obedecer. E é mesmo assim, porque vitimas aqui não existirão e antes não existissem de todo. No entanto, jamais fazer-se valer do prestígio e conhecimento adiquiridos pela douta mente para satisfazer caprichos de real alteza ou enxovalhar a imagem do pobre analfabeto controlando a sua mente hipocondríaca.
É isto que o espirito renova: o conhecimento. De geração em geração de médicos, passa conhecimento ancestral e novo é adquirido, requerendo nova paciência, mas trazendo novas vantagens. São essas, as vantagens, digo, que pela tentação de bolso descarrilam o comboio e com as quais o corpo se encarrega de fortalecer. Leia-se corpo como o individuo fisíco; sim, esse mesmo, que vai em viagens, participa em "congressos", que compra novos carros trianualmente.
De isto me lembrei eu, enquanto assistia ao estudo de três almas que sonhavam com o estetoscópio e a bata branca. Um sonho de rico, literalmente, não só a julgar pela pronúncia e gestos oratórios, mas pelo teor da conversa em si. Um verdadeiro núcleo da Foz ou de Cascais, que salvo meia dúzia de pardas almas dessas terras nada se aproveita, entre filhos de papás e pipis cuja realidade distorcida pelo dinheiro faz do seu ego pedestálico demasiado altívolo para pousar na humilde integridade de um profissional de saúde com todas as letras, cujos joelhos batem no chão e mão toca o coração, ao som da melodia hipocrática de um juramento que lhes traça na palma das mãos a sina de um compromisso.
Lia eu numa placa à entrada "O médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe". Hão-de estar o autor e o galardoado, que por razões desconhecidas não coincidem, a dar volta no caixão a cada palavra desses que referi.
Dias virão, em que eu fale nos verdadeiros estudantes desta arte.
Bachiatari Sensei
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