quinta-feira, 15 de março de 2012

Epitáfios para um médico de algibeira XI

/Era conhecido por ser um médico acanhado. Competente, sim, mas acanhado. Temia contar más-notícias. Dizia que, apesar do inevitável, o melhor cuidado paliativo era não lembrar repetidamente ao corpo o desânimo do seu tiquetaque. Dizem que esse médico morreu de uma coisa maligna, muito dolorosa, muito desanimadora. Também há quem garanta que não quis saber do que padecia afinal. Até poderia desconfiar, mas preferiu acolher o inevitável com o tiquetaque de sempre. O tiquetaque persistente de um relógio suíço./



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