No meio do pátio do hospital, cercada por uns arbustos outonais e vigiada por um pequeno ajuntamento de gatos pretos, está uma capela em repouso. Nunca lá entres se não pretenderes depurar o espírito. Os gatos, outrora nómadas delinquentes, apropriaram-se da segurança do lugar e vislumbram de antemão todas as vontades, boas ou más. Não os provoques. Estão habituados a reconhecer a ralé e ninguém sabe se aquelas unhas conheceram uma lima. Se a morte de uma pessoa te trouxer ao pátio, não te precipites. Os gatos reconhecerão a tua angústia. Evita, contudo, a necessidade de os enfrentar. Os que o fizeram, mais que o desamparo do erro que ali os impeliu, lamentam ainda o rigor ético dos felinos. E o espírito nunca foi tão limpo.
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