É a mulher mais charmosa daquela enfermaria. Até lhe perdoo as unhas de gel, essa praga artificial de queratinas de faz-de-conta. Diz um internista meu amigo que assim arranham mais. E ele gosta, apesar de nunca se ter queixado de qualquer escoriação por parte do paradigma caseiro. Se arranham ou não - possíveis armas de crime? -, a verdade é que aquela enfermeira, pouco mais de trinta anos, esconde nas formas por baixo da bata os alicerces mais elogiados de qualquer estilo arquitectónico. Não que os dias sejam passados na plácida contemplação da obra feita, mas antes na eterna congeminação de aproveitar a obra. Como se um dia nos fartássemos de observar a Janela Manuelina e decidíssemos, como jovens afoitos, subir a parede só para podermos espreitar por lá.
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