Levanto uma folha, levanto outra. Agora um caderno. Nada. Pela terceira vez abro a capa de apontamentos, ainda que já sabendo lá não a ia encontrar lá também.
"- Onde raio a terei metido?"
Procuro num livro, numa prateleira, na estante inteira. Nada. E o meu estômago começa a apertar-se, com a sensação de perda.
E depois lembro-me!
Subo à pressa as escadas tropeçando no meu próprio fôlego e correndo por entre esta taquicardia: e ali está. Mesmo ao lado da tua fotografia. Quieta, como que esperando pacientemente que este meu rasgo de luz me levasse até ela.
E agora que a encontrei, tenho medo de lhe tocar. Tenho medo que o encanto acabe e que tudo não passe de um sonho bonito, mas finito; a minha mente avança, mas o meu corpo permanece, petrificado, a pesar os prós e contras, dando ligeira vantagem aos contras: Acho que me vou ficar outra vez pelo quase.
E viro costas em direcção à porta por onde há segundos tinha entrado mais feliz que nunca, para a atravessar na direcção contrária, mais inconsolável que da última vez que me vi nesta situação. Sim, isto é um processo cíclico em mim. Um ciclo demasiado vicioso.
Subitamente algo me detém. Não sei se foste tu que me deste a mão e me puxaste em direcção a ti, ou se fui eu que me fartei de suspiros e correrias vãs. Hoje decidi que nunca mais te vou largar.
E agarro-a, à tua alma. Agora, nem eu preciso de correr, nem tu precisas de esperar. E é assim que deve ser.
Este texto é dedicado a um amigo.
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