segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Realidade Percebida #7

Uma sinapse. É o que basta.
Canais electrolíticos abertos, estímulos eléctricos, quimicos e até electroquimicos, uma chuva de vesículas que caminham para a auto desintegração, a distribuição ordeira e perfeccionista de cargas positivas e negativas. Tudo antropomorfismos (que condenado eu não esteja por esse requinte de malvadez histológico) da metrópole biofisiológica - complexa e harmoniosa esta microscopia cientifica que de tão infinitamente imensa que é se compila em atafulhados de diferentes tecidos e retalhos polvilhados com meia dúzia de pêlos donde emerge esta bruta macroscopia da forma humana. Já o era antes, descobrimo-lo agora e não sabemos se perpetuará no futuro. Prossigamos.
Curiosa maneira, esta, de pôr a vida (bem, ou curiosa ou tresloucada, dependendo dos pontos de vista, mas nada que me dê comichões, seja de que maneira for).
Parece que o tempo de Deus e dos Santos e a teoria do sopro da vida, cada vez se distanciam mais, e há-de surgir por aí uma Miguel Ângelo que esculpa uma tal estátua de uma bomba sódio potássio com cornos (e voltamos ao grego e ao latim - quem percebeu, percebeu). Verdade é que começam a ter cada vez menos limites estas excurssões à nano-mini-micro complexidade que nos compõe. E a este ponto, acho pertinente tranquilizar os mais velhos, pois não é isto que a Biblia prevê como Holocausto.
Bom, na prática... A base da pizza é a mesma, o que muda são os ingredientes: todo o processo estimulo-resposta acontece da mesma maneira - a despolarização, a propagação do tsunami electroquímico, a interacção com as vias aferentes para mediarem a resposta formulada pelo sistema nervoso central e... STOP! É aqui que uns comem pepperoni e outros cheeseham. Todo este processo descrito é igual num empregado de mesa subitamente requisitado por um cliente ou num militar camuflado que ouve o estalar de galhos próximo da sua posição - o estímulo auditivo produzido pela vibração da membrana timpânica. Agora, se comermos cheeseham, olhamos para o caso do empregado que esboça um sorriso e prontamente atende o cliente o melhor que pode. Se preferirmos pepperoni estamos a olhar para o caso do militar altamente treinado e com o instinto de sobrevivência no auge cujo atendimento não será certamente simpático. Pausa para divagar. O treino elitista, confere a este operacional em missão o discernimento táctico e posicional perfeitos, bem como a preparação física e psicológica para acalmar a sua respiração, baixar a frequência cardíaca, controlar o seu instinto de sobrevivência de modo a localizar a sua presa com o mínimo de barulho e movimento possíveis, munindo-o simultaneamente da possibilidade de uma descarga súbita de adrenalina que conjugada com reflexos altamente eficientes suprimiam uma qualquer investida surpresa. Benevolente que sou, ofereço-vos duas opções/cenário (para decidirem liguem 808-80-90-10 e digam-nos a vossa resposta, sendo que o mais rápido receberá uma edição do livro "Viva Melhor!"): A primeira implica uma arma de fogo - um tiro certeiro na nuca, ao nivel de C3, de uma MP5 silenciada, a uma distância de cerca de 20 metros. Brutamontes, mas eficaz. A segunda, certamente mais elitista e um pouco mais sádica, implicaria agarrar o adversário desprevenido pelas costas e traçar-lhe jugulares interna, externa e anterior, carótidas interna e externa e cartilagem da traqueia com o aço dos Deuses. Mais sujo, muito mais doloroso e demorado, mas profissional. Fim de divagação. [que não se sintam perturbadas as mentes mais susceptíveis, nem assustadas pela divagação de um velho louco. Culpem os filmes, culpem o stress, culpem o tempo e sei lá... A Manuela Ferreira Leite].
Acho que sempre se reteve a comparação desejada, de um modo mais ou menos amistoso, mas igualmente elucidativo.
Cheira-me a Oreos e há leite a aquecer, e já que a gula faz parte dos antigos pecados mortais, porque não aproveitar?
Com uma última cascata sináptica me despedirei, para atalhar que os de vós que comem à base de menús polissaturados em gorduras e ainda têm que levar com um artolas servente que tem menos modos que um gnomo descalço, purulento e maldisposto deviam ser no minímo condecorados pelo controlo moral que têm. Até lá, certifiquem-se que não ateroscleram nem arteroscleram a vossa crossa aórtica. Por outras palavras, variem a vossa casa de pasto (sem nunca irem à tasca do Aires, atrevo-me a dizer, porém).
Este e mais conselhos porventura numa outra altura que não esta, em que o cheiro a Oreo que já mergulham em leite me entram pelas narinas sem passarem pelo tálamo e me viciam emoções.

Com a habitual estima,

O Sensei

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