domingo, 31 de maio de 2009

#8

Malditos
Chegou o momento de me revelar para vós.
Afoguem os vossos pensamentos dúbios no mar da revelação.
Para que conste, sou bem adulto. E por ironia, talvez também por uma questão de ser, transcenderei para o mundo dos fenómenos no dia primeiro do mês do sono.
Estejam atentos, pois, enquanto adulto que sou, tenho manifestações da cor da ausência de luz semeadas à superfície dum orgão que cobre, entre outras estruturas anatómicas, o masséter e o orbicular dos lábios.
Vós, que tendes atitudes de criança, se me querem pôr a descoberto, é bom que tenham também aspecto infantil. No mundo do simbolismo não há lugar para as palavras.
Em contagem decrescente,

Alter Ego

sábado, 30 de maio de 2009

#2 assuntos internos

Caros malditos


Informo que ontem o BIMM encerrou em alta, com uma subida de, aproximadamente, 46%.
Já são grandes as expectativas no mercado, sobretudo no que respeita ao interesse em investir nesta plataforma económica por parte dos accionistas.
Com os melhores cumprimentos
A Gerência

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Falando de "peidos"



Meus caros malditos,
peço desculpa por não escrever neste maldito blogue já há algum tempo, mas a verdade é que tenho andado cansado, pois na minha tribo cada vez surgem mais problemas cuja resolução é impossivel sem a minha intervenção.




Hoje vou falar de um prazer humano, que é exactamente dar um peidinho. Ninguém pode dizer que não gosta de dar peidos, sobretudo aqueles silenciosos, que deixam o seu rasto através de um aroma um pouco... hmmm...mal cheiroso. Mas a verdade, é que na nossa sociedade, convencionou-se que "peidar-se" em público é má educação, dizem eles. Mas mesmo assim continua a haver indivíduos que se peidam em qualquer lugar, mesmo que seja num cubiculo com 3m2, cheio de pessoas... Mas o mais curioso, é que esses indivíduos desaparecem de um momento para o outro, deixando apenas uma fracção gasosa do seu corpo... A esses indivíduos, só digo uma coisa: continuem assim, caguem-se à vontade, afinal de contas o cheiro desaparece logo... Será? Não! Quando se trata de um peidinho resultante da digestão de feijões pretos, meus amigos, o cheiro não desaparece! Pelo contrário... entranha-se nas nossas roupas, acompanhando-nos durante todo o dia!
Dar um peido é uma atitude com uma simbologia muito importante para a minha tribo... Dar o peido é o mesmo que livrarmo-nos das nossas angústias, das nossas atormentações... ou melhor, é o meio inato de o ser humano se purificar dos seus erros! Por isso, meus caros malditos: Naqueles momentos de tristeza, ansiedade, insónias, a solução para os vossos problemas parte de vós.

"Peidai-vos uns aos outros como eu me peidei!"

Saudações malditas,

Ubirajara Piatã


terça-feira, 26 de maio de 2009

Bachiatari Sensei #5

Gashi miuchi,

Já muitas vozes soaram na minha mente enquanto meditava, questionando este velho Maldito acerca do porquê da mudança de imagem;
Pois bem, digo-vos eu que terá duas finalidades: uma delas será mostrar o quão cansado o meu corpo está da jornada épica que esta vida tem sido; a outra prender-se-à com o mostrar do próprio passar do tempo na minha pessoa desde o momento em que ingressei nesta comunidade maçónica - o meu ritmo de envelhecimento está inevitavelmente acelerado caros camaradas. Sinto-me fraco e as energias fogem-me para percorrer de lés a lés a maravilhosa cidade invícta. O peito sôfrego acentua uma respiração particularmente acelerada, como nunca tive, e o coração palpita um estado basal mais violento e no entanto, é como que se essa cadeia de imperceptivéis e infinitas reacções que é o metabolismo, seja cada vez mais a mera passadeira para o abismo. Medito. Disciplino o meu corpo com a frieza de um guerreiro que enfrenta o seu maior rival. Jamais desistirei, no entanto. Se por mero acaso a morte providenciar nesta altura de crise a minha presença junto do Grande Mestre Kwan, que me leve com luta, sempre certa que se for desta vez que essa personificada foice desferir o seu imparável golpe, contrariando os nossos outros 4 encontros ao longo de séculos, que esteja alerta e não menos ciente que a última gota de sangue a tocar no chão será assumida e orgulhosamente Maldita.

Sonkei ken Ichibun,

Bachiatari Sensei

segunda-feira, 25 de maio de 2009

#1 etiologias

...meus caros, não se deixem cair em tentação ao pensar que a minha nova imagem surgiu do acaso (mas também não pensem que tenho sangue napoleónico, não se deixem influenciar pela Harpya).

Quero revelar-vos um segredo: partilho o gosto do Espinoza... quanto a gatos (quanto a raparigas não sei, não!... Se bem que a Vénus grega que se deixa vislumbrar pelos olhares indiscretos do Espinoza não seja deusa que se deva deixar passar ao lado!)

Enfim, gatos...

Porém, esses gatos, ao que consta, não são da mesma .

...têm 4 membros, mas não são quadrúpedes.
...têm rabo, mas não lungo.
...miam, mas têm tendência a ser mais melódicos.
...têm mamilos, mas não em igual número.
...os do Espinoza, certamente, cheiram... estes, fedem!!!
Pormenores à parte, foram eles a inspiração para parte da minha nova imagem


Cumprimentos
Pitt

domingo, 24 de maio de 2009

#7





Sabem o que é isto, malditos? Provas.

Provas de que a minha própria entidade tem o seu próprio Alter Ego. Reparem nos números... Dada a pouca resolução, eu ouso dar-vos uma mãozinha... Na zona a seleccionado para escrever aparecem somente os números "#1, #2, #3, #5". Quatro post's da minha autoria.

" - Peta...! Tu postaste 6 pontos, ó Alter..." - dirão os mais cépticos.

Não postei. Apesar de esconder a minha cara pelo mistério e o sadismo de vos ver esturricar de curiosidade, não pretendo reclamar aquilo que não é meu. De facto e se repararem, a escrita tem traços um pouco díspares, quando comparados os meus post's aos da autoria desse plagiante amador.

Desengana-te, ó infernal entidade que tentas virar a ponta do meu sabre contra mim. Jamais derramar o meu "sangue" à tua custa, eloquente perdedor. Não estou bem certo das tuas intenções, mas sabendo que decerto não serão melhores que as minhas te digo: Está à vontade.

A subtileza do meu texto é o segredo para me descobrirem e a chave para abrirem o cofre certo; É a tecnologia de ponta, o scan retinal, a electroforese que distingue as maneiras como eu e esse ignóbil cobiçador pegamos nas canetas.

Sorrio-te, contudo. É meu mui nobre gosto dedicar um pouco do meu tempo a essa escrita - escreves bem. Denoto uma similaridade imbatível entre essa eloquência "à Lobo Antunes" e a certeza expressa nos números votados pelos que me caçam. O que quero dizer, é que para além de dissipares as atenções acerca da minha verdadeira identidade, fazes a bússola apontar na direcção certa. Sim, "Velho do Restelo", é a ti que me refiro.


Dirigindo as minhas palavras àqueles que a metáfora faz ouvir e deixando para trás algumas charadas, digo-vos que a chatice pegou mesmo em casa do Melo. De facto, pegou e despegou. Isso mesmo. O senhor doutor está de malas feitas rumo ao hotel e a mulher está desfeita em lágrimas no sofá depois de ter ido deitar os filhos.


"- Parece um saco de ossos o homem, não achas ò Lisa?"

"- Saco de ossos? Já nem o quinto Valdespert nesta meia hora lhe segurava a mão no bloco. Uma vergonha... Então o homem faz a incisão e deixa a mulher ali aberta com a cesariana a meio para ir fazer uma chamada?"

"- Jura... A administração que saiba!"

"- Já souberam. Sorte a dele o Águas ser amigo dele. Se fosse outro qualquer tinha-lhe mandado um chuto no cú, mas ele lá intercedeu pelo homem e disse para o dispensarem uns dias para férias, que ele precisava de descansar a cabeça, e lá lhes explicou a situação. E tu sabes como ele sabe ser persuasivo! Aquele homem..."

"- Um santo! Um santo e bem charmoso por sinal... Pena ser casado. Olha sorte a dela, que destes não se arranjam por aí aos tombos (...)"


Isto ouvi eu enquanto esperava que o café saísse na máquina. Sentia um misto de alívio e uma certa simpatia de causa pelo homem. Ainda bem que não fui eu que o denunciou. De facto, agora que penso nisso, ninguém sabe. Estranho. Bom, há-de chegar-lhe a lição. Que aprenda a tratar os outros sem desdém. Nos dias que correm, ainda por cima no S. João em que a lei da bala está há anos em voga e não se perdoa nem uma calcadela despropositada, ele estava à espera de quê?

Raios te partam, Melo.

De qualquer das maneiras, um já está. Oportunismo e pena à parte, é assim que as coisas são. A névoa que oculta a vinda desse D. Sebastião está a dissipar e quanto mais cedo despachar o outro, melhor. Esse sim, é que é desprezível. Ser humano ranhoso que espalha a putrefacção social onde passa. O típico nerd aplaudido de pé a cada congresso a que vai mas tão socialmente degenerado e egoísta que não me admirava que andasse dentro da câmara hiperbárica no passeio, se pudesse, só para ninguém disturbar o seu mundo científico.

Pobres dos doentes.

Mais um dia de insaciante correria havia chegado ao fim e estava pronto a regressar à base. Isso pensava eu.

Acontece que aquele sacana daquele motorista insistiu em contrariar o conselhos e formação que teve, evitando as horas de paragem obrigatória que a lei obriga para "não atrasar o serviço" segundo dizia na imunda reportagem que esse tal "não sei como mas sou próspero" canal passou insinuando que a culpa "podia ser do condutor do veículo ligeiro, que estava à duas noites seguidas de banca no Hospital S. João como enfermeiro de serviço". Pois claro que estava. Soubessem eles a afluência de hipocondríacos que achava que tinha a gripe suína às urgências desde há duas semanas para cá...

Mas a minha infelicidade e frustração não se debatiam principalmente com isso. Não.

Depois de desencarcerado do meu Scénic versão caixa de fósforos embutida na traseira do reboque daquele pesado de condutor ignóbil, reza a história que a hemorragia interna com lesão do baço e pulmões, as três costelas partidas e as fracturas úmeral e pélvica das quais fui vitima, foram devidamente reparadas na mesa de operações desse tal Roger "Morte Social". É verdade. Estou numa cama de hospital. E numa que pertence à sua jurisdição.

Chegou o momento de deixar de ser ateu.


Alter Ego

sábado, 23 de maio de 2009

E só para esclarecer que temos mesmo um pouco de tudo

Estava eu ontem a meio do meu jantar - jardineira de soja para os mais curiosos (sim, no que concerne à arte gastronómica não me posso queixar) - enquanto via televisão. O Eça, o Asimov, o Tolstói e o Saramago vagabundeavam pela casa, quais gatos malditos divertindo-se pelos compartimentos da casa arejada. Já todos tinham jantado e andavam a digerir a comida com um pouco do exercício instituído por mim, pois o Eça e o Tolstói - gatos donos de uma criatividade e hábitos dignos de um séc XIX cheio de abusos alimentares - andavam a ficar, admito, obesos. Deliberei, prontamente, um calendário de exercícios semanais e, portanto, lá andavam eles a correr pela casa, atrás de um rato mecânico que comprei há dias numa loja de usados. A Christie, gata prendada que é, assim que se viu de barriga cheia, subiu para o meu colo e permaneceu quieta a dormir enquanto eu degustava a refeição.
A novidade assomou quando, ao mudar de canal na televisão, me enganei, talvez por culpa dos meus dedos grossos, e aterrei na TVI, ainda para mais no Telejornal de sexta-feira. Só o simples facto desta constatação deve ser alvo de acusações, e desde já me declaro susceptível a qualquer constatação por parte dos meus pares do clube ou de um(a) estimado(a) leitor(a).

Perante os meus olhos, já de si cansados de um dia de trabalho e pouco tolerantes, intrometeu-se a cara da MMG (abreviatura para aquela criatura Manuela Moura Guedes que me deixa perplexo na tentativa de deslindar se é mesmo uma humana ou uma criação artificial tal como o Frankenstein da Mary Shelley). Pelos vistos estava a entrevistar o Bastonário da Ordem dos Advogados, de seu nome Marinho Pinto. Ora, ausentei-me por instantes para ir à cozinha buscar água e, quando regressava pronto para enfiar a TV num qualquer outro canal que não fosse lixo, deparei-me, eu e os meus gatos que pararam logo a correria, com isto:


Não apreciava até agora a constante guerrilha deste homem por uma justiça mais imparcial, acusando sem nomes e deixando muitas acusações que faz, ainda que pertinentes, sem clareza. Mas é indiscutível que o que ele fez, durante a entrevista de ontem, é de um heroísmo cada vez mais raro e cada vez menos reconhecido: dizer, simplesmente, a verdade a quem deve ouvi-la. Todos murmuravam nas ruas a ignomínia que é aquele jornal, um atentado à passagem da informação clara, onde se deturpa e ataca, como cães raivosos, e em nome de uma imparcialidade disfarçada (travestida como bem lhe chamou, há tempos, o nosso primeiro-ministro). Junte-se-lhe também a voz esganiçada do Vasco Pulido Valente, e temos os ingredientes para um cruzada pelo mundo tresloucado onde a ordem dos trabalhos descamba, não raras vezes, para o enxovalhamento público. Pode-se refutar com o argumento de que o bastonário enveredou por uma peixeirada digna de comparação com as senhoras do Bulhão, o que é verdade (se bem que, para quem viu tudo, ele foi apelidado de bufo pela senhora), mas, saliente-se, disse aquilo que eu diria à MMG se a visse à minha frente, enquanto a persuadiria a doar, posteriormente, o seu corpo à ciência, só para me certificar que o Frankenstein não é uma aberração única.




Hermenegildo Espinoza


Alter Ego, espero bem que, no meio da arrogância e petulância que demonstras, se fores um indivíduo de corpo físico extra-clube, e não vindo da cabeça de um dos meus colegas, espero, repito, que pelo menos sejas mais bonito que a Manuela Moura Guedes. Ao menos isso!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

#6

Admirável, Pitt, admirável.

Che chiuse, consenso.
O teu voto ao silêncio faz-me pensar que te atingi lá no fundo, que interferi com o eixo eléctrico do teu coração, cuja amplitude varia arbitrariamente. Impressionante, Pitt, impressionante.

"Arbitrário"!? Não parece palavra para o teu sangue positivista. Como permites que o teu coração se sujeite ao acaso? Enquanto positivista que és, não deverias admitir tal coisa!

Desiludes-me.

Se por um lado, a tua fé inabalável crê na quantificação dos erros como caminho para a Verdade (e assim crê, consequentemente, que a quantificação dos meus erros desvendará a minha essência e identidade), por outro, és derrotado pelo motor da tua própria vida e por um simples acaso. É isso que sou Galli, a voz do acaso ao serviço de um corpo arbitrário que vive num mundo paralelo.

Até Newton o dizia: "consigo calcular o movimento dos corpos celestes [...] mas não a loucura das pessoas." Como te atrevés a ser louco e a quantificar o imensurável? É evidente que, só quando te voltares para o transcendente, e deixares de ouvir as "promessas" de Laplace, de que as leis naturais são absolutas e universais, te tornarás consciente do que não sou. A partir daí, "até a porca torce o rabo."

Deixa de praticar o culto desse deus científico, que é pigmeu. Segue antes a filosofia agorafobiana ou de mestria, como modo de vida, ou simplesmeste lida com a natureza. Não julgues nunca vir a conhecê-la na sua totalidade. Viste algum maldito que se atrevesse a dissertar sobre o "pós frequencia" kijau? Se te keres tornar mais fútil, xis!

Alter Ego

#1 assuntos internos

Caros camaradas

Venho por este meio informar-vos que foram depositados 0,250§ no BIMM, fruto do investimento feito pelo indivíduo a quem eu chamaria, adequadamente, xis.

Estrato Valores Total

20/052009 0,185§ 0,185§
21/05/2009 0,250§ 0,435§

Com os melhores cumprimentos

Administrador do BIMM,
PITT, Galli

Pitt - resultados da cirurgia reconstrutiva

...o momento por que todos anseiam está prestes a chegar:
a revelação da minha nova imagem.
Meus amigos, acreditem, muito em breve, num futuro mesmo próximo, que daqui a nada ...ja é presente...ups! já foi... passado... pretérito mais que perfeito... o momento que todo o mundo anseara.
Ao contrario daquilo que o alter ego afirma, eu sou muito desprendido do meu epíteto organismo, da minha envergadura carnal. É tamanha a sua falácia que, para uma alma, já tive dois fardos, duas imagens, dois moldes carnais.
A ti alter ego,
toda a minha desconsideração

Pitt

quarta-feira, 20 de maio de 2009

#5

Ahah!

Aprecio a tua coragem, signore amministratore.
No entanto, ciente que o teu texto apela ao meu sentido de profiler, fica sabendo que denotas o desespero, a falta de fibra e o pulso forte que a situação exige.
Uma guerra aberta certamente não será a melhor strategia, ou será?
Não consegues quebrar a corrente oculta que te cerca, és alvo fácil de uma alma tão carnal mas simultaneamente tão invisível que te entrega mensagens sem ninguém notar a sua presença, facilmente defines o teu alvo e nele te fixas, alheando o que se passa em teu redor. Não terá a obra "Como pensam os médicos?" enriquecido essa tua massa cinzenta que utilizas no meu rastreamento, em vão? Cuidado, muito cuidado, Galli Pitt. A aba que me tapa o rosto não é fácil de levantar e o mundo incorpóreo que percorro é de acesso restrito.
Entre a refinada elite que pasta nessa casa nortenha, que é a Primar e pseudo-psicólogos avaliadores de desenhos, eu estou atento, perscutando conversas até al minima sussurro.

Lembrem-se que desenhos inominados não são em vão. Lembrem-se que o vosso passado é um livro aberto ao meu ímpeto presente - do meu, nem sinal...
Bolas não vos faltam, quanto mais não sejam aquelas dos matraquilhos que tinem ao som do vosso pulso.

Pensi, Galli, pensi... Chi è in posizione di fare richieste?

Alter Ego

pilares de um movimento

Caros maçónicos,

Esta luta constante pela manutenção da perpetuidade do clube, face à invasão dum altre auto, tem dado os seus frutos. E, apesar de cada badalada dada pelo scuba a meu lado aumentar a raiva que sinto por esse intruso anónimo e cobarde, com medo de mostrar a cara sob as abas do seu "sombrero", por ser necessário e por estar supostamente intrometido na fundação desta banca de valores, estou orgulhoso por este grande feito. Caros visitantes, assíduos ou passageiros, curiosos ou invejosos, é com toda a honra que, eleito como porta voz para este grande feito (por uma espécie de auto-unanimidade), inauguro aquilo que passa a ser chamado o Banco Internacional dos Médicos Malditos (BIMM).

De salientar que já se encontram feitos depósitos na ordem dos 0,185 §. Aos malditos contribuintes mais digo: foram usados 0,09 § em investimentos na infrastrutura do Banco (cofre).

nota1: § - símbolo da Maldita Coin (para mais informações, contactar o gerente do banco, sobretudo, no que diz respeito a conversões para o €).

nota2: À luz do que acontece em Sona, Alter Ego, desafio-te.










Cumprimentos aos malditos,



Pitt

terça-feira, 19 de maio de 2009

Bachiatari Sensei #4

Gashi miuchi,

Antes de mais e em nome do clã maldito, solene e cordialmente apelamos ao vosso voto, ó humildes seguidores, visionários intermitentes, recém chegados, anti-malditos e por aí fora, para que nos iluminem com a vossa sabedoria, nesta cruzada contra este espírito que insiste em assombrar a nossa casa. Apesar de estarmos seriamente predispostos em dar um saltinho ao Professor Bambo para uma sessão espirita conjunta e em caso extremo ao Bruxo de Fafe para uma possível exorcização, gostariamos de fazer valer os nossos talentos de Sherlock Holmes, fazendo-nos valer da vossa preciosa veia investigadora, caros Watson's!

Posto isto, dedico cinco minutos à exposição de uma recente aventura.
Como apreciador de arte que sou, resolvi comprar um guia dessa maravilhosa cidade do Porto pela qual ultimamente me tenho passeado, vendo o que ela tem para oferecer, entendendo os seus costumes e a sua gente.
Como espiritual que sou, deliberei como próximo destino turístico, uma igreja situada atrás de um grande edíficio onde o Grande-Chefe passa o seu tempo, para observar o culto que este povo tem para com os seus Deuses.
Passeando por lá, encontrei uma pequena cabine de madeira vazia, com duas entradas imediatamente seguidas. Decidi investigar. Entrei naquele curto espaço, tendo-me sentado no banco que lá estava, cuidadosamente aconchegando o hábito preto de monge ao fazê-lo.
Imediatamente e de rompante eis que entra uma jovem que entre atropelos de palavras e uma respiração ofegante, proferiu umas quaisquer palavras de iniciação de um culto e me começa a contar a sua vida privada. Intercalando silêncios de vergonha e relatos de aventuras sexuais depravadas que exigiram o máximo das minhas capacidades de concentração, terminou pedindo o meu perdão, algo a que de resto respondi pela única vez naquela conversa, com um "Ok...", sem perceber o que ali se tinha passado muito bem, mas estranhamente contente por estes costumes espontâneos dos ocidentais.
A caminho de casa, por entre as ruas movimentadas da cidade, arrastava o meu hábito, procurando por meio de leitura no guia que tinha adquirido, compreender a necessidade final da jovem, com naquela conversa, tentando perceber em que contexto se inseria: "o senhor não me vai punir?".
E terá sido esta a deixa que me fez fugir dali...
Tantos anos de esforço celibatário, para agora profanar a casa do senhor com uma estranha? Não, não é para mim. Como qualquer bom guerreiro, não consumo despojos de uma guerra que não é minha.

"Não lutes aquilo que não percebes. Compreende primeiro e afia e espada depois"

Sonkei ken Ichibun,

Bachiatari Sensei

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Demandas científicas (ou não) #1

Caros colegas malditos,

Desde já peço desculpa pelo meu apartamento alongado, mas como já tinha dito no meu primeiro comunicando, sou um médico muito devoto às jornadas e às indagações científicas que me levam muito do meu valiosíssimo tempo, investigações estas que pressagiei narrar.

A minha mais recente investigação incidiu sobre um assunto muito franzino e emaranhado para o grupo de estudo em questão. A minha população de estudo fora os estudantes, não todos os estudantes, mas apenas os mártires que necessitam de ser aprovados a química. Sendo que o meu estudo foi baseado no estado psicológico dos estudantes no período pós frequência. Apesar dos períodos pré e durante frequência serem de igual importância, devido à indisponibilidade de tempo e à minuciosidade que é necessária para abordar este tema resolvi apenas escolher um dos períodos.
Após ter entrevistado e observado imensos estudantes académicos constatei que o estado psicológico destes durante o período pós frequência, ou pós AK, deve ser dividido em 7 estágios psicológicos:
1. No primeiro estágio, logo a seguir à realização da frequência, verifica-se um estado de extremo alívio e exaltação, devido à sensação de liberdade que este sente, pois acredita que o pior já passou (como está enganado)
2. O segundo estágio manifesta-se pouco tempo depois do primeiro, quando o estudante começa a sociabilizar com os outros desgraçados e se apercebe que só fez “badaioquice” na frequência. Neste estágio os estudantes sentem se muito mal consigo próprios, com a sua falta de inteligência.
3. No terceiro estágio, o estudante apresenta uma grave depressão, podendo, ainda, alguns sentir vontade de cometer suicídio (mas na realidade poucos efectivam esta vontade). Existem uma pequena percentagem de estudantes que nunca chegam a sair desta fase.
4. Neste quarto estágio é o estágio da ansiedade, isto porque os estudantes desejam que o sofrimento acabe e estes possam ver a dimensão da sua imbecilidade.
a. Se a correcção da frequência demorar uma perpetuidade, muitos estudantes caem numa fase de deslembrança, podendo deste modo viverem felizes durante uns tempos.
5. Quando chega a notícia de que as notas finalmente saíram, antes de verem a sua nota, os estudantes manifestam se bastante felizes e exaltados, porque têm uma réstia de esperança, de que afinal a frequência não tenha corrido tão mal como pensaram e até podem ter sido aprovados.
6. A verdadeira decepção, o estudante chega ao fundo do poço, ao ver a sua deplorável classificação e entram num estado de depressão muito parecido com o terceiro estágio.
7. Por fim o ultimo estágio, o miserável estudante, após ter referido a celebre frase, “há mais oportunidades”, para se animar, começa novamente o estudo para esta disciplina, apesar de saber que será inútil.
É de notar que este estudo não se aplica aos ditos sabichões, mas como estes são em número
muito reduzido, nem vale a pena dispensar algum tempo no seu estudo

Cordiais cumprimentos

Adegesto Pataca


Ps: Parte deste estudo foi baseado em algumas experiencias pessoais do meu tempo académico

domingo, 17 de maio de 2009

#0 a revolta

Caros desamparados,

Mi dispiace la mia assenza.

O certo é que, para minha grande surpresa e espanto, estamos perante uma situação deveras catastrófica. E ninguém me alerta. Que camaradagem é essa, que dizem vocês ter? O mundo podia acabar e, como pseudo-amigos, não me diziam nada.

Está dificil encontrar quem pegue no meu rosto e faça algo decente... Atila deixou a sua marca em mim! Talvez só me reste conformar-me...prometo, jamais a minha ausência será prolongada.

Depois de muitas horas de meditação, e numa de dolo eventual, antecipo uma Semana D. (Bem dizia o meu avô,a história é um ciclo). Criemos um plano de contenção e, não tarde, o cabrão invasor será apanhado com as calças na mão.

Saudações...

Pitt

Outros médicos malditos #2

Avisam-se os estimados leitores que o clube decidiu, por unanimidade, adicionar a hiperligação da mui honrosa - e até agora praticamente fantasma - Comissão de Medicina ICBAS 08 - 14 no nosso cantinho no lado direito. Para vocês, caros alunos da comissão que se atiram à árdua tarefa de não deixar os vossos outros colegas com o rabinho entre as pernas quando não souberem para onde se virar - entre outras ninharias -, vão as nossas humildes vénias e o desejo sincero de boa sorte para esta missão maldita que vos aguarda, e que agora principia.



Cumprimentos,


O Clube dos Médicos Malditos

sexta-feira, 15 de maio de 2009

#4

Ai, como entendo o Henrique! Parece que o turno não mais acaba. Ainda há pouco regozijava-me por faltar tão pouco tempo para a vingança e, agora, o tic tac do epíteto de relógio que é aquele que o Melo colocou no corredor do “Recobro”, por vaidade ou por fetiche sexual (coitar compassadamente parece-me … Fico pelo parecer), ecoa pelo edifício interminavelmente. Culparia Cronos, se não tivesse, antes, criado o tempo. O certo é que a relatividade do tempo não me daria tanta volta à cabeça, não fosse o Einstein mau a matemática no secundário e génio a física no culminar da vida. Ele, a sua “massa cinzenta” [1] e a sua teoria estão a dar cabo de mim. Chego ao ponto de afirmar, pittianamente, que, não tarda, tenho cappeli bianchi suficientes para me sentar à mesa a jogar à bisca com aquele que é o mais fugidio dos malditos.

As tarefas de rotina estavam todas feitas, registos de tensões arteriais e de toda uma gama de variáveis, ecocardiogramas, para serem dadas, no dia seguinte, de bandeja, ao estupor do Melo. O pior de tudo é ainda ter de ouvir, entre dentes, um “Pira-te daqui!”, após tanto trabalho e dedicação.
Mas, apesar de tudo, o Andrade, estava ali com todo o seu sentido de humor e boa disposição. (melhor dizendo, não estava, dormia). Não fora a gangrena que desenvolvera e era ainda um entre nós.
“Dorme Andrade, dorme…” Pudera, com a dose de Coraden que lhe administrei até eu dormia dias sem conta.
Sem nada para fazer, fui sentar-me ao meu refúgio e, pestanejando lentamente, deixei-me cair entre os ombros e invadir-me pelo sono.
“Triiim….triiim…. triiim”
De sobressalto, desatei a correr para atender a chamada. É impressionante, os telefones conseguem ser um martírio.
-“ HGMM, boa noite - dissera eu.
- Olá. Sou eu, a Bea. Faça o favor e diga ao Melo que vou a caminho!”

Deu-se-me um nó na garganta.
A minha cumplicidade sair-me-ia cara…

“- Sou eu, a mulher do Melo!!!”



[1] é o que o Hercule Poirot chama à densa e entranhada rede de células neuronais. Não saberia isto senão andasse a ler as ficções policias de Agatha Christie, com o intuito de encontrar uma forma de desmascarar “aquele” que come todas, cá no hospital. Caros amigos, a verdade é pra ser dita, nua e crua!

Alter Ego

quinta-feira, 14 de maio de 2009

#3

"O mistério não é um muro onde a inteligência esbarra, mas um oceano onde ela mergulha. ", já dizia Gustav Thibon.

Caros Malditos, estou a gostar do vosso empenho na busca desta entidade que vos entope os cérebros, qual coágulo viajado até a um capilar mais estreito, que vos aguça o espírito de aventura, que faz desejar a sácia dessa vossa sede de triunfo sobre o desconhecido, que vos testa a inteligência que já vos trouxe tão longe nesta vida. Sei o que sentem. Sei que a cada especulação, a cada olhar por cima do ombro, a cada impulso sináptico que desafia uma nova teoria da conspiração e a cada plano que traçam para me apanharem nas malhas das vossas redes, há um orgulho que não pode ser ferido, uma nova vitória pessoal a que concorrem e um novo obstáculo que se adivinha prontamente eliminado.
Lamento! Não nasci para ser a presa.

Pela mira do meu telescópio retinal, distingo dois claros grupos: Malditos preocupados e em desespero de fazer tombar o meu rasto e o meu sombrero - malditos estes que oscilam entre a discussão fervorosa e altamente especulativa e a batatada de rua (semilhada para os "aborígenes"); Revejo ainda outros de vós que, despreocupados, não apelam ao seu patriotismo virtual, recolhendo as garras e arrumando as bandeiras, prontamente predispostos a ceder território ao inimigo, constando entre esses mentes apagadas que nem desta "invasão" sabiam.

Pretendo perpetuar o jogo do "gato e do rato", descansem.

Andem com cuidado para não pisarem os fugitivos recém chegados a casa que andam à solta pelo chão.

Alter Ego

quarta-feira, 13 de maio de 2009

#2

Já era noite quando sairam do consultório rindo alegremente, ele ainda repondo as fraldas da camisa, ela ajeitando o cabelo no reflexo do vidro que recobre o armário do extintor. Quem os visse, pareciam casados.
Vi-os percorrer o corredor deserto na minha direcção enquanto ia acabando de preparar o próximo turno de visita aos doentes, reabastecendo o carrinho de seringas, algodão, pensos e outro material que tão bem conheço. Normalmente não faço este tipo de serviço, mas a pedido do Henrique lá fiz o turno para que o rapaz tivesse a sua noite de despedida de solteiro.
Desgraçado do Melo passou por mim, ixtmrsxe (e ve alter),forçando o olhar fechado num novo beijo para ter pretexto para me ignorar: não calha nada bem à beira da sua nova amiga, que provavelmente levaria a jantar ali à Marisqueira Mauritânia para mais um excesso na sua dieta equilibrada de desportista aposentado, cumprimentar um enfermeiro com a bata suja de sangue e a trocar pensos imersos em liquido ulceral punguento e mal-cheiroso na véspera da sua ceia divina - e ai de mim se a sua tigresa tivesse um qualquer espontâneo refluxo (sabe-se lá qual fora a sua ultima refeição). Portanto, até aqui, nada de novo, tudo "normal".
Seguindo pela direcção oposta abalei rumo à porta de pinho castanho claro que ostentava a inscrição "Dr. Artur Melo - Obestetrícia e Ginecologia" - "escolheste bem, escolheste...", lembro-me pensar, desenhando um esgar de gozo. Por ironia ainda bati à dita porta e perguntei se podia entrar - que hei-de fazer? sou uma criatura estranha e que goza destes pequenos deleites. Face ao óbvio silêncio entrei, trancando a porta atrás de mim.
Os estores estavam corridos e a sala quente, com um leve cheiro a suor que a ventilação ainda não dissipara. A secretária, arrumada à pressa; numa prateleira assentava um invólucro de preservativo cujo liquido lubrificante brilhava tenuemente, iluminado pela luz do candeeiro aceso.
A pasta por sorte minha, como diriam esses "velhos do Restelo" que por aí andam, estava esquecida em cima do pequeno sofá de pele preto no canto, literalmente debaixo da vigilância atenta de um soutien que não garanto que seja da mesma "carmelita" que vira à pouco, mas que especulo ter sido aleatoriamente atirado naquela direcção, a julgar pela sua disposição contorcida.
O click de abertura ecoou pelo gabinete e estava agora a viajar pelos ficheiros pessoais do nosso amigo, e não só: "contas, não; postal da filha, não; IRS, não; revista de um stand, não; ficheiros de pacientes, também não; artigos científicos, não quero nada disto; mais ficheiros de pacientes; conta no banco da suiça, humm... interessante; ah! e cá está! precisamente o que eu queria!
Faltava-me só um breve saltinho ao gabinete daquele pulha do Roger e voilá, o melhor dia de trabalho de sempre!
A paga por anos de espezinhamento, negligência consciente e incondenada a um paciente Já era noite quando sairam do consultório rindo alegremente, ele ainda repondo as fraldas da camisa, ela ajeitando o cabelo no reflexo do vidro que recobre o armário do extintor. Quem os visse, pareciam casados.
Vi-os percorrer o corredor deserto na minha direcção enquanto ia acabando de preparar o próximo turno de visita aos doentes, reabastecendo o carrinho de seringas, algodão, pensos e outro material que tão bem conheço. Normalmente não faço este tipo de serviço, mas a pedido do Henrique lá fiz o turno para que o rapaz tivesse a sua noite de despedida de solteiro.
Desgraçado do Melo passou por mim, forçando o olhar fechado num novo beijo para ter pretexto para me ignorar: não calha nada bem à beira da sua nova amiga, que provavelmente levaria a jantar ali à Marisqueira Mauritânia para mais um excesso na sua dieta equilibrada de desportista aposentado, cumprimentar um enfermeiro com a bata suja de sangue e a trocar pensos imersos em liquido ulceral punguento e mal-cheiroso na véspera da sua ceia divina - e ai de mim se a sua tigresa tivesse um qualquer espontâneo refluxo (sabe-se lá qual fora a sua ultima refeição). Portanto, até aqui, nada de novo, tudo "normal".
Seguindo pela direcção oposta abalei rumo à porta de pinho castanho claro que ostentava a inscrição "Dr. Artur Melo - Obestetrícia e Ginecologia" - "escolheste bem, escolheste...", lembro-me pensar, desenhando um esgar de gozo. Por ironia ainda bati à dita porta e perguntei se podia entrar - que hei-de fazer? sou uma criatura estranha e que goza destes pequenos deleites. Face ao óbvio silêncio entrei, trancando a porta atrás de mim.
Os estores estavam corridos e a sala quente, com um leve cheiro a suor que a ventilação ainda não dissipara. A secretária, arrumada à pressa; numa prateleira assentava um invólucro de preservativo cujo liquido lubrificante brilhava tenuemente, iluminado pela luz do candeeiro aceso.
A pasta por sorte minha, como diriam esses "velhos do Restelo" que por aí andam, estava esquecida em cima do pequeno sofá de pele preto no canto, literalmente debaixo da vigilância atenta de um soutien que não garanto que seja da mesma "carmelita" que vira à pouco, mas que especulo ter sido aleatoriamente atirado naquela direcção, a julgar pela sua disposição contorcida.
O click de abertura ecoou pelo gabinete e estava agora a viajar pelos ficheiros pessoais do nosso amigo, e não só: "contas, não; postal da filha, não; IRS, não; revista de um stand, não; ficheiros de pacientes, também não; artigos científicos, não quero nada disto; mais ficheiros de pacientes; conta no banco da suiça, humm... interessante; ah! e cá está! precisamente o que eu queria!
Faltava-me só um breve saltinhoao gabinete daquele pulha do Roger e voilá, o melhor dia de trabalho de sempre!
A paga por anos de espezinhamento, negligência consciente e incondenada a um paciente Já era noite quando sairam do consultório rindo alegremente, ele ainda repondo as fraldas da camisa, ela ajeitando o cabelo no reflexo do vidro que recobre o armário do extintor. Quem os visse, pareciam casados.
Vi-os percorrer o corredor deserto na minha direcção enquanto ia acabando de preparar o próximo turno de visita aos doentes, reabastecendo o carrinho de seringas, algodão, pensos e outro material que tão bem conheço. Normalmente não faço este tipo de serviço, mas a pedido do Henrique lá fiz o turno para que o rapaz tivesse a sua noite de despedida de solteiro.
Desgraçado do Melo passou por mim, forçando o olhar fechado num novo beijo para ter pretexto para me ignorar: não calha nada bem à beira da sua nova amiga, que provavelmente levaria a jantar ali à Marisqueira Mauritânia para mais um excesso na sua dieta equilibrada de desportista aposentado, cumprimentar um enfermeiro com a bata suja de sangue e a trocar pensos imersos em liquido ulceral punguento e mal-cheiroso na véspera da sua ceia divina - e ai de mim se a sua tigresa tivesse um qualquer espontâneo refluxo (sabe-se lá qual fora a sua ultima refeição). Portanto, até aqui, nada de novo, tudo "normal".
Seguindo pela direcção oposta abalei rumo à porta de pinho castanho claro que ostentava a inscrição "Dr. Artur Melo - Obestetrícia e Ginecologia" - "escolheste bem, escolheste...", lembro-me pensar, desenhando um esgar de gozo. Por ironia ainda bati à dita porta e perguntei se podia entrar - que hei-de fazer? sou uma criatura estranha e que goza destes pequenos deleites. Face ao óbvio silêncio entrei, trancando a porta atrás de mim.
Os estores estavam corridos e a sala quente, com um leve cheiro a suor que a ventilação ainda não dissipara. A secretária, arrumada à pressa; numa prateleira assentava um invólucro de preservativo cujo liquido lubrificante brilhava tenuemente, iluminado pela luz do candeeiro aceso.
A pasta por sorte minha, como diriam esses "velhos do Restelo" que por aí andam, estava esquecida em cima do pequeno sofá de pele preto no canto, literalmente debaixo da vigilância atenta de um soutien que não garanto que seja da mesma "carmelita" que vira à pouco, mas que especulo ter sido aleatoriamente atirado naquela direcção, a julgar pela sua disposição contorcida.
O click de abertura ecoou pelo gabinete e estava agora a viajar pelos ficheiros pessoais do nosso amigo, e não só: "contas, não; postal da filha, não; IRS, não; revista de um stand, não; ficheiros de pacientes, também não; artigos científicos, não quero nada disto; mais ficheiros de pacientes; conta no banco da suiça, humm... interessante; ah! e cá está! precisamente o que eu queria!
Faltava-me só um breve saltinho ao gabinete daquele pulha do Roger e voilá, o melhor dia de trabalho de sempre!
A paga por anos de espezinhamento, negligência consciente e incondenada a um paciente que em tudo me dizia muito estava prestes a chegar.

Alter Ego

O perigo espreita-nos!

Meus caros malditos! Neste momento de duvidas, em que a traição espreita por tudo o que é lado, sentimo-nos fragilizados, sem forças, incapazes de pensar racionalmente! Mas o perigo continua a cercar-nos, não desistindo até que o espirito maldito que nos une seja destruido! Mãos nas armas, camaradas! Não nos importemos de morrer por esta nossa ordem maçonica! Acima de tudo está a nossa honra maldita, pela qual nos regemos perante qualquer futrica! A maçonaria está prestes a ser destruida, mas não podemos permitir que tal aconteça! Temos fazer sacrificios, mesmo que sejam destruir as nossas entranhas!!!! So nos resta buscar forças à natureza que nos envolve! Sejamos capazes de ouvir o que o vento nos diz, pois este, meus amigos, este é o o senhor de toda a sabedoria, que conhece o passado e o futuro, e só ele, nos podera guiar neste caminho dificil, cheio de pedras que nos impedem de avançar rumo ao destino certo!

Lembrem-se sempre, que acima de tudo, SOMOS MALDITOS!!!!!

Saudações!

Ubirajara Piatã

O rufo de guerra

O tempo não é de saudações, ou de diplomacia.
Temos entre nós um espirito que não é maldito, mas maléfico. A discórdia está a invadir o submundo destes malditos, a fazer-nos olhar por cima dos ombros e a desconfiar do nosso companheiro de armas. Já não sentimos se temos as costas protegidas ou expostas para a facada e a confiança vacila a cada frase desse espírito assumidamente inassumido que teima em assombrar cada tijolo desta fundação que erguemos com o suor e a sabedoria maldita, sob um juramento de sangue. Estarão os malditos amaldiçoados?
Alianças forjam-se, desembainham-se as espadas, os momentos de calma são aproveitados para a meditação. Ao som dos rufos dos batimentos cardíacos acelerados e em passo de marcha, rumamos à descoberta do culpado, com o pensamento nas torturas que forçarão a confissão.
Revi mais uma vez a colecção da "Arte da Guerra" pronto para não esquecer nenhum ensinamento na hora certa.

Caros malditos, caros seguidores, os tempos prespectivam-se negros e o amanhecer do dia revelador.

Sonkei ken Ichibun,

Bachiatari Sensei

segunda-feira, 11 de maio de 2009

#1

"- O 3. Quero o número 3!", pediu. E eu dei-lho. Afinal é esta a minha função. Servir de material as luvas ensanguetadas que recobrem as mãos dos cirurgiões, estejam eles na sua simplicidade rotineira de prática "anti-trembling" ou a retirar um projéctil alojado num pâncreas ou num pulmão do drogado do fundo da rua, possivelmente infectado com HIV que dera entrada em choque nas urgências à meia, 2, 3 horas atrás, dependendo do dia e da pontaria do aspirante a homicida.
É frequente sentir a frustração que quer desviar o meu profissionalismo e partir com violência para o brilhantemente prestigiado e arrogante cirurgião mais próximo, fazendo-o engolir o diploma Honoris Causa pendurado atrás da secretária à vista do próximo paciente, ou lançando pela janela todas as fotos de congressos, de apertos de mão ao Dalai Lama e a Sua Santidade, as revistas sublinhadas com o novo modelo Mercedes anotado ao lado com post-it's de extras a requisitar, entre tantas outras coisas. Não que seja um tipo violento. Não sou. Gosto de tomar o meu Capuccino enquanto faço um novo puzzle, de jogar xadrez e tocar piano. Não cultivo a violência nem nunca toquei nos meus filhos, mas há coisas que o próprio Diabo põe na Terra, já dizem os antigos, e Deus me livre se estes cirurgiões ricos, de luto para o mundo, não vêm desse planalto flamejante em tons de vermelho.
Daquela sala de convivio, só gosto de um. O Doutor Elias. O experiente e douto médico que se senta sempre por baixo do relógio da Sala dos Médicos a ler a Visão e a Science, quando não está a pensar no seu próximo artigo a ser reconhecido mundialmente, com os seus headphones nos ouvidos, ninguém sabe bem a ouvir o quê, a mascar chiclets perfumando o espaço com o cheiro a melão que delas advém. Gosto de falar com ele, pronto. Como dizia o meu pai, Deus o tenha, "brilhante e sem peneiras, meu filho!". Ambos odiamos o brasileiro do Roger, apesar de a nossa profissão nos obrigar a conviver com esse indivíduo, se bem que de nós os dois, nao sou aquele cujo desagrado passa prontamente mais despercebido. Mas que hei-de dizer? Não sou um simples cirurgião formado nas celestiais academias de medicina deste mundo. Contento-me com o curso que me dota de capacidade de conhecer em pormenor os objectos que compõem o leque de "ferramentas" do bloco operatório, e tenho a função de os fornecer a quem precisa. Afinal para quê mais serve um curso de 4 anos com dois de mestrado em bloco operatório? Bastante justo para um vencimento anual de 18.700 euros, não? Digamos que sabem a pouco as 8 horas diárias passadas num bloco operatório; Perdão, esqueci-me das horas extras não remuneradas. Sou enfermeiro, não sou médico, e muito menos matemático. Os senhores doutores da administração não acham justo e olha, lá tenho eu que me amanhar.
Não sou tão leigo quanto pensam, o Elias sabe disso. Enquanto o Roger desvia doentes para a sua clinica privada, sob falsos pretextos, e o Melo copula a quarentona do dia a porta fechada no gabinete, sem contar com as enfermeiras que "vão certificar diagnósticos" e a cunhada, eu saboreio o meu café à espera do momento certo. Desvendar ou nao desvendar? Eis a questão! A minha mulher gosta de novelas. Passa o dia a vê-las e a ler revistas sobre os finais, enquanto espera que os miúdos saiam da escola. Isto quando não tem que ser internada novamente ou recorrer a uma dose de quimioterapia extra, e mesmo assim vá, lá se arranja a televisão para dar o jeito.
Bom, como não tenho nem jeito para a escrita, nem capacidades de medium para prever o dia de amanhã e adivinhar o final, aguardo o momento certo para desvendar o mistério do meu plano. Foi o Elias que sugeriu, mas "faltam-lhe os colhões para o fazer", segundo diz -sim, porque os médicos também falam mal. Compreendo-o. Se eu tivesse um vencimento clínico de quase 75.000 euros por mês e um prestígio além fronteiras sem nunca sequer ter apanhado uma bebedeira, também já os tinha mirrado. Mas eu sou eu, e vou tão longe como fugir para a marquise a meio da noite para poder fumar ganza às escondidas.
Sou enfermeiro, não sou médico. Mas sou maldito.

Alter Ego

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Poemas embriagados da meia-noite #5

5

Existem sonhos tão fluidos
Como a água que corre no Douro
Não importa que infortúnios existam
Se a festa a fazemos sozinha
E por muito que a cerveja apague a memória
Fica a memória de já termos tido
algures uma memória



Hermenegildo Espinoza

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Resquícios de uma noite queimada #2




Ao fundo: o Grande, mas mesmo Grande, Pedro Abrunhosa. Não é preciso dizer mais nada, pois não?




Hermenegildo Espinoza

Poemas embriagados da meia-noite #4

4

Ele veio do jantar de caneca na mão
Com o hálito a malte do mais rasca
Vomitou então toda a pasta
Não há bela sem senão

Ela viu toda a cena pasmada
Olhou para a sua caneca vazia
Veio-lhe uma náusea azarada
Vomitou também a pasta como podia




Hermenegildo Espinoza

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Poemas embriagados da meia-noite #3

3

Cerveja, whisky ou sangria
Música, barulho, confusão,
É difícil dizer um não
É tão fácil a oligofrenia

Queres beber até morrer
E foder até não poder
Tudo te parece muito prático
Nada é idiopático




Hermenegildo Espinoza

Quase eterna nostalgia de um passado que jamais voltará a ser presente

Estava quieto em casa, na pasmaceira de um dia tórrido, a ler a minha poesia obrigatória de Mário Cesariny. Em cada verso vinha-me ao pensamento a memória de um passado que, por imposição das vicissitudes do tempo, jamais voltará a ser presente. E, digamos, por muito que se apregoe uma dureza de sentimentos tão cáustica nos homens, verdade é que as imagens do meu passado académico vieram encher-me de uma cefaleia saudável (perdoe-se a contradição).
Na janela de minha casa erguiam-se os gritos do cortejo. Fui invadido por uma descarga de adrenalina (epinifrina para quem é adepto do Guyton). Dirigi-me ao armário do meu quarto e peguei nele: o meu traje académico que guardo religiosamente. Vesti-o e dilui-me no meio da multidão.
Procurei logo o carro desse grande ICBAS (já alguma vez disse o quanto essa casa é magnífica?) e encontrei-o rapidamente. Ao início apoquentei-me, deparei-me com um indício trágico para o cortejo que os esperava, como podem ver no registo fotográfico abaixo apresentado



Foi apenas uma curiosidade macabra, se bem que estive cinco minutos compulsivamente a rir-me. Porém, tudo seguiu a ordem natural das coisas e lá estavam eles todos bonitinhos




Depois, seguiram o caminho deles, a minha vida já não é isto. Fiquei quieto novamente, a observar os vários poemas da paisagem. E diria que fui um pouco feliz.






Hermenegildo Espinoza



Nota: é imperativo não gozar com a qualidade do fotógrafo e da fotografia

terça-feira, 5 de maio de 2009

Resquícios de uma noite queimada #1



Ao fundo: Deolinda e o seu Fado Toninho




Hermenegildo Espinoza


Nota:
é imperativo não gozar com a qualidade do fotógrafo e da fotografia

Poemas embriagados da meia-noite #2

2


Um homem saiu à noite
Na queima do Porto 2009
Entrou na semana da folia
Cheio de vontade e força
Hoje ainda não sabe onde está
Pois a sua consciência vive
Por um fio
Sempre um pequeno fio
Na parte de trás de uma ambulância
Esse homem saiu à noite
E de lá nunca mais saiu.




Hermenegildo Espinoza

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Poemas embriagados da meia-noite #1

1


Quis muito mandar-te um beijo
Na noite da serenata tão desejada
Mas tudo o que hoje vejo
É uma garrafa de vinho na tua mão gelada

Nem muito ou pouco te poderia pedir
Senão a tua capa traçada sobre a minha cabeça
Esta noite vamos bêbados fugir
A todos os jogos em que deixámos de ser peça




Hermenegildo Espinoza

Já começou

Começou ontem a Queima das Fitas do Porto 2009. A serenata, devo dizer, foi uma oportunidade única para aqueles que tinham o desejo de morrer por esmagamento no meio da multidão. Mas verdade seja dita, foi um momento belo e simbólico (houve choradeira que eu vi). Isto tudo para dizer que o Clube anda por aí. Eu mesmo, apesar das crises agorafóbicas, consegui contorná-las e fui ver a dita serenata. Era muito fácil identificar-me: estava vestido de negro.
Uma boa Queima para todos,




Hermenegildo Espinoza

=S



Ó HÍMEN! Ó HIMENEU!




"O hímen! O himeneu!


Por que me atormentas assim?


Por que me provocas só


durante um breve momento?


Por que é que não continuas?


Por que, perdes logo a força?


Será porque, se durasses


além do breve momento,


logo me matarias


com certeza? "




Walt Whitman, in "Leaves of Grass"




Pitt

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A solução para os vossos males

Meus caros colegas, parece-me que vêm todos de um período de alta tensão e stress. Como modo de retribuir a minha estima incomensurável pelas vossas pessoas, dou-me ao prazer de partilhar convosco um sítio maravilhoso para alívio das angústias malditas, um método eficaz, principalmente, em caso de pós-gincana e de urticária resultante de frequências de química que duram quase três horas. E não, não é caro, nem precisam de se meter num avião até aos cus de judas como é o caso do Mosteiro das Nuvens no Nepal (com todo o respeito, Bachiatari, acrescento que fiquei deveras abismado com a paisagem proporcionada), até porque pode dar-se o caso de apanharem no avião um mexicano constipado e depois é ver-vos como porcos no espeto. Bem, o sítio que vos vou indicar não tem qualquer contra-indicação grave, pode é causar, nas pessoas mais fracas de vontade, uma enorme dependência. Por isso, cuidado com a dose e com a modalidade que escolherem neste sítio, virtual que é.

Preparados?


Apresento-vos o paraíso!



Rótulo: medicamento não sujeito a receita médica. Em caso de permanência dos sintomas, por favor, contacte o clube de médicos malditos mais próximo.



Hermenegildo Espinoza