20 de Março de 2015.
Faz hoje seis anos que esta casa foi fundada.
Nasceu da falta de vontade para fazer o que tinha de ser feito, serviu de pretexto para tudo e mais alguma coisa e, com os seus altos e baixos, resistiu à implacável erosão trazida pelo passar do tempo.
Espero que continue a servir o seu propósito nos anos que estão por vir: encurtar distâncias entre camaradas intemporais.
Neste dia, acho imperativo felicitar em particular o camarada mais assíduo nesta casa.
O ar fresco só aqui passou todos os meses graças à sua disponibilidade.
Não houve estação em que o Hermenegildo Espinoza não tivesse aberto as portadas desta casa, para que o sol raiasse no seu soalho e lhe desse um mínimo de vida.
Não tão assíduos, mas não menos importantes têm sido todos vós camaradas Adegesto, Cluni, Sensei e Ubirajara.
O eclipse solar que hoje acontece não é obra do acaso meus camaradas: é o mundo, também ele, a comemorar este aniversário, soprando uma vela galática tão astronómica como a camaradagem que por aqui existe.
Parabéns Malditos!
Pitt
sexta-feira, 20 de março de 2015
domingo, 15 de março de 2015
imagiologia (quase) médica #20
A coitada da Criação.
Este pormenor foi-me revelado pelo camarada Hermenegildo Espinoza.
Partilhou esta sua descoberta comigo porque sabia que a minha mente artístico-libidinosa estaria pronta a recebê-la.
Pela mesma razão, decidi partilhá-lha convosco, leitores assíduos dos Malditos.
A partir deste momento, o teto da Capela Sistina jamais será o mesmo.
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 7 de julho de 2014
« (..) Kahlo contracted polio at age six, which left her right leg thinner than the left, which Kahlo disguised by wearing long skirts. It has been conjectured that she also suffered from spina bifida, a congenital disease that could have affected both spinal and leg development. As a girl, she participated in boxing and other sports. (...)
After the accident, Frida Kahlo turned her attention away from the study of medicine to begin a full-time painting career. The accident left her in a great deal of pain while she recovered in a full body cast; she painted to occupy her time during her temporary state of immobilization. Her self-portraits became a dominant part of her life when she was immobile for three months after her accident. Frida Kahlo once said, "I paint myself because I am often alone and I am the subject I know best". Her mother had a special easel made for her so she could paint in bed, and her father lent her his box of oil paints and some brushes. (...)
A few days before Frida Kahlo died on July 13, 1954, she wrote in her diary: "I hope the exit is joyful - and I hope never to return - Frida". The official cause of death was given as pulmonary embolism, although some suspected that she died from overdose that may or may not have been accidental. An autopsy was never performed. She had been very ill throughout the previous year and her right leg had been amputated at the knee, owing to gangrene. She also had a bout of bronchopneumonia near that time, which had left her quite frail.(...)» Aqui.
Em cima, aquele que é considerado o último quadro da pintora, "Viva la Vida", 1954.
Hermenegildo Espinoza
sábado, 5 de julho de 2014
Em vez da Punção Aspirativa por Agulha Fina, é mandar os doentes ligar para a Maya
Hermenegildo Espinoza
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Auscultação benfiquista
Nunca tanto como hoje fez sentido pedir ao doente que diga 33.
Hermenegildo Espinoza
Hermenegildo Espinoza
sábado, 5 de abril de 2014
A glória
Sabemos que atingimos a maior das glórias quando um internauta chega até ao Clube dos Médicos Malditos ao pesquisar por «Valdispert» no google. Depois destes anos todos, é a ode mais singela que nos podiam ofertar.
Hermenegildo Espinoza
Hermenegildo Espinoza
sexta-feira, 14 de março de 2014
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Afterlife, what an awful word
E nós, como Orfeu, desejosos de chegar à vida, ansiosos por olharmos por fim para trás e contemplarmos a cara de Eurídice.
Hermenegildo Espinoza
sábado, 2 de novembro de 2013
Estudar o amanhã
Prometo a mim mesmo, várias vezes por ano, estudar como se não houvesse amanhã, apesar de que, se não houvesse amanhã, eu não teria de estudar. Tenham pena e não me digam que isto é triste.
Hermenegildo Espinoza
Hermenegildo Espinoza
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Possível topografia dos lugares interiores #60
60. até uma cura pode picar os dedos.
Um dia acabarás por descobrir
que até uma cura te pode picar os dedos,
ou esmigalhar os olhos, ou cortar as pernas,
ou afastar-te de qualquer equilíbrio
ou decapitar a eito qualquer pensamento.
Vais morrendo tão placidamente
como aquele vai sobrevivendo,
e os dois acabarão por descobrir
que até uma cura pode picar os dedos.
Não escondas o desânimo,
nem temas o esgar da dor,
se é para não deixar morrer,
habitua-te ao sofrimento
de só poderes ajudar
quando sabes,
tão bem como ele,
que aos dois vai doer.
Hermenegildo Espinoza
Um dia acabarás por descobrir
que até uma cura te pode picar os dedos,
ou esmigalhar os olhos, ou cortar as pernas,
ou afastar-te de qualquer equilíbrio
ou decapitar a eito qualquer pensamento.
Vais morrendo tão placidamente
como aquele vai sobrevivendo,
e os dois acabarão por descobrir
que até uma cura pode picar os dedos.
Não escondas o desânimo,
nem temas o esgar da dor,
se é para não deixar morrer,
habitua-te ao sofrimento
de só poderes ajudar
quando sabes,
tão bem como ele,
que aos dois vai doer.
Hermenegildo Espinoza
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sábado, 7 de setembro de 2013
O ciprestre é a mais resistente das árvores
"[...] numa noite de outono, quando os ventos ficam estáticos no céu, Morella chamou-me para a sua cabeceira. Uma névoa fraca cobria a terra, um brilho quente emanava das águas e, entre as intensas folhas de Outono na floresta, um arco-íris nascera no céu.
-É o dia dos dias - disse-me quando me aproximei -,um dia entre todos para viver ou morrer. É um belo dia para os filhos da terra e da vida -ah! mais belo para as filhas do céu e da morte!
Beijei-lhe a testa, e ela continuou:
-Estou a morrer e, no entanto, viverei.
-Morella!
-Nunca mais existirão os dias em que poderíeis amar-me - mas aquela que rejeitastes em vida ides adorar na morte.
-Morella!
-Repito que estou a morrer. Mas dentro de mim está a promessa daquele afecto - ah, tão pequeno!- que sentistes antes por mim, Morella.[...] Mas os vossos dias serão de mágoa - de arrependimento, que é o mais duradouro dos sentimentos, assim como o cipreste é a mais resistente das árvores. Pois as horas da vossa felicidade acabaram; e a alegria não se colhe duas vezes numa vida, ao contrário das rosas de Pesto que desabrocham duas vezes por ano. Não brincareis mais ao tebano com o tempo, mas, ignorando o mirto e a vinha, carregareis convosco na terra o vosso sudário, como fazem os muçulmanos em Meca.
-Morella! - gritei - Morella! como sabeis tais coisas? - mas ela voltou o rosto na almofada e, um ligeiro tremor tomando os seus membros, assim morreu, e nunca mais ouvi a sua voz."
excerto do conto Morella, Histórias Extraordinárias, E. Allan Poe
Pitt
-É o dia dos dias - disse-me quando me aproximei -,um dia entre todos para viver ou morrer. É um belo dia para os filhos da terra e da vida -ah! mais belo para as filhas do céu e da morte!
Beijei-lhe a testa, e ela continuou:
-Estou a morrer e, no entanto, viverei.
-Morella!
-Nunca mais existirão os dias em que poderíeis amar-me - mas aquela que rejeitastes em vida ides adorar na morte.
-Morella!
-Repito que estou a morrer. Mas dentro de mim está a promessa daquele afecto - ah, tão pequeno!- que sentistes antes por mim, Morella.[...] Mas os vossos dias serão de mágoa - de arrependimento, que é o mais duradouro dos sentimentos, assim como o cipreste é a mais resistente das árvores. Pois as horas da vossa felicidade acabaram; e a alegria não se colhe duas vezes numa vida, ao contrário das rosas de Pesto que desabrocham duas vezes por ano. Não brincareis mais ao tebano com o tempo, mas, ignorando o mirto e a vinha, carregareis convosco na terra o vosso sudário, como fazem os muçulmanos em Meca.
-Morella! - gritei - Morella! como sabeis tais coisas? - mas ela voltou o rosto na almofada e, um ligeiro tremor tomando os seus membros, assim morreu, e nunca mais ouvi a sua voz."
excerto do conto Morella, Histórias Extraordinárias, E. Allan Poe
Pitt
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Portugalidades
Aquelas qualidades que se revelaram e fixaram e fazem de nós o que somos e não outros; aquela doçura de sentimentos, aquela modéstia, aquele espírito de humanidade, tão raro hoje no mundo; aquela parte de espiritualidade que, mau grado tudo que a combate inspira ainda a vida portuguesa; o ânimo sofredor; a valentia sem alardes; a facilidade de adaptação e ao mesmo tempo a capacidade de imprimir no meio exterior os traços do modo de ser próprio; o apreço dos valores morais; a fé no direito, na justiça, na igualdade dos homens e dos povos; tudo isso, que não é material nem lucrativo, constitui traços do carácter nacional. Se por outro lado contemplamos a História maravilhosa deste pequeno povo, quase tão pobre hoje como antes de descobrir o mundo; as pegadas que deixou pela terra de novo conquistada ou descoberta; a beleza dos monumentos que ergueu; a língua e literatura que criou; a vastidão dos domínios onde continua, com exemplar fidelidade à sua História e carácter, alta missão civilizadora - concluiremos que Portugal vale bem o orgulho de se ser português.
António de Oliveira Salazar (não tenhamos receio em gabar-lhe a escorreita e elegante escrita, que faz corar excelsos estadistas à beira-mar plantados), nos seu "Discursos".
Hermenegildo Espinoza
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